Como forma de tentar acabar com a paralisação dos caminhoneiros, o presidente Jair Bolsonaro enviou um áudio para os profissionais solicitando a liberação das estradas pelo país. O presidente argumentou que a greve “atrapalha a economia”. Este pedido não foi feito atoa, pois em 2018, a greve da categoria causou um grave desabastecimento, falta de combustíveis e desfalque nos supermercados.
Porém, os dez dias de paralisação naquele ano causaram outros efeitos. A greve derrubou o resultado da produção industrial em maio de 2018, impactou a inflação e diminuiu a capacidade de crescimento da economia.
Naquele momento, a paralisação foi causada pela política de repasse da flutuação nas cotações do petróleo no mercado exterior aos preços dos combustíveis. No início do movimento, somente em maio, a gasolina havia passado por 12 reajustes de preço e o diesel dez.
Mas, agora a manifestação é originária de mobilização política em um gesto de apoio ao presidente Bolsonaro, logo após os atos de 7 de setembro que defendeu pautas antidemocráticas.
Na paralisação de 2018, devido a restrição de circulação de mercadorias, a indústria foi o segmento mais atingido, que teve uma queda de 10,9 em maio. Também foram fortemente atingidos a produção de automóveis, que caiu 30% e a produção de alimentos, com 18,5% de queda.
Caso uma situação parecida com essa volte a acontecer neste ano, os impactos seriam ainda mais agressivos para economia. A produção de automóveis no último mês já foi a mais baixa registrada nos últimos 18 anos.
A queda foi causada pela falta de peças e componentes, de acordo com a Anfavea, a associação dos montadores.
Este é resultado direto dos impactos econômicos trazidos pela pandemia do coronavírus na cadeira de de suprimentos. O setor projeta uma recuperação somente no ano que vem.
Um baque na produção de alimentos em um cenário de inflação acumulada superando os 9%, iria prejudicar ainda mais a renda das famílias que já sofrem com os preços altos e desemprego.