O Instituto Butantan espera por um novo lote de ingrediente farmacêutico ativo (IFA), para a produção das vacinas da Covid-19. A matéria-prima está em falta devido ao atraso no repasse.
De acordo com o diretor do instituto, Dimas Covas, a falta de uma nova previsão para a fabricação e distribuição da Coronavac provém dos ataques feitos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, à China. A expectativa era para que o Instituto Butantan recebesse seis mil litros de insumo base para as vacinas até a próxima segunda-feira, 10.
O montante foi reduzido para dois mil litros que devem chegar em território brasileiro apenas no dia 13 de maio, próxima quinta-feira. Vale lembrar que esta não é a primeira vez que ocorre esse atraso, pois o IFA que devia ter sido entregue no dia 24 de março, chegou no Brasil somente no dia 19 de abril.
“Embora a embaixada da China no Brasil venha dizendo que não há esse tipo de problema, mas a nossa sensação de quem está na ponta é que existe dificuldade, uma burocracia que está sendo mais lenta do que seria habitual e com autorizações muito reduzidas e volumes. Então, obviamente essas declarações têm impacto e nós ficamos à mercê dessa situação”, disse Covas.
Ainda que o Bolsonaro não tenha, propriamente dito o nome do país em questão, ele sugeriu que a China é responsável pela criação do novo coronavírus que gerou uma guerra química por todo o planeta Terra. “É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou porque um ser humano ingeriu um animal inadequado”, declarou.
Diante desses impasses, o Instituto Butantan fica incapaz de cumprir o cronograma de entrega de 46 milhões de doses das vacinas contra a Covid-19, a Coronavac. A distribuição devia ter acontecido no dia 30 de abril.
Na oportunidade, o presidente do instituto reforçou que todas as declarações de Bolsonaro ganham repercussão mundial, especialmente se tratando de um assunto tão delicado.
Devido ao atraso na importação do IFA, o Instituto Butantan não conseguiu honrar a entrega de 46 milhões de doses das vacinas contra a Covid-19 no mês passado conforme firmado em contrato junto ao Ministério da Saúde (MS). Somente 42 milhões de doses da Coronavac foram distribuídas pelo instituto.
Quanto à importação da matéria-prima, que inclusive teve a capacidade reduzida conforme mencionado anteriormente, o presidente do instituto, Dimas Covas, disse que solicitou o aumento “de 3 para 6 mil litros [de IFA] e devemos ter essa resposta brevemente para podermos entrar em um ritmo de produção acelerado”.