Mudanças na Uber: veja os atuais direitos garantidos para os motoristas de app

Pontos-chave
  • Os motoristas de aplicativo não têm vínculo empregatício;
  • Sem vínculo os direitos trabalhistas não estão previstos em lei;
  • Há propostas de regulamentação deste tipo de serviço.

Os motoristas e entregadores ainda aguardam mudanças na Uber. Mas, desde a última decisão da Justiça de São Paulo de que a empresa deveria registrar em carteira seus colaboradores, não houveram mais avanços. Agora, quem está cadastrado na plataforma ou pretende entrar fica inseguro sobre o trabalho. 

Ministro faz comentário polêmico sobre saída da Uber do país preocupando os motoristas
Mudanças na Uber: veja os atuais direitos garantidos para os motoristas de app (Imagem: FDR)

Trabalhar como motorista da Uber é prestar serviço como autônomo. Isso porque, a empresa não tem qualquer tipo de compromisso trabalhista com quem realiza serviços em seu nome. O seu papel é intermediar a prestação de serviço do motorista para o passageiro, e levar uma porcentagem da viagem com isso.

Cabe ao profissional arcar com todos os custos do seu trabalho, como alimentação, combustível do carro, gastos mecânicos. Em contra partida, consegue organizar o seu horário de trabalho, os dias que estará nas ruas e consequentemente o valor que será somado de salário todos os meses.

No início deste ano o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou um grupo de trabalho, com intermediação do Ministério do Trabalho, com o objetivo de regulamentar o trabalho por aplicativo. Acontece que o grupo perdeu sua validade, e não foi possível chegar a um consenso sobre o direito destas pessoas.

Por isso, hoje os direitos do motorista da Uber ainda são limitados. É possível tê-los, mas para isso é preciso que o trabalhador regularize o seu trabalho como autônomo, pague os custos mensais e então usufrua dos benefícios.

Motoristas da Uber serão registrados em carteira?

Em setembro deste ano, o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo condenou a Uber a pagar R$ 1 bilhão a motoristas, além de assinar suas carteiras de trabalho, em contratação formal. A Justiça entendeu que a plataforma se isentou das responsabilidades com os profissionais a fim de economizar.

De acordo com a própria empresa existem 1,6 milhões de motoristas e entregadores parceiros. Diante da decisão judicial a Uber informou que vai recorrer da decisão, e que não tem interesse em registrar os colaboradores cadastrados em sua plataforma. 

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha mostrou que boa parte dos motoristas da empresa são contra a contratação via CLT e preferem não ter vínculo empregatício com as empresas. Isso porque, com o vínculo perderiam o direito de escolher o horário de trabalho, o seu salário, ou seja, a flexibilidade.

“Hoje, muitos motoristas trabalham com três, quatro aplicativos simultaneamente, e com isso nós tiramos uma boa renda. Com essa nova proposta, nós seríamos obrigados a trabalhar para um só aplicativo e ganharíamos menos do que ganhamos hoje”, disse o motoboy Jean Domenico Sousa do Nascimento à pesquisa.

Proposta do governo para regulamentação do trabalho por App

A proposta do Ministério do Trabalho e que deve ser apresentada em um projeto de lei para análise do Congresso Nacional, prevê que haja a liberação de benefícios como:

  • Seguro de vida e de saúde para os motoristas;
  • Valor fixo de viagem para carro e para entrega;
  • Criação de postos de encontro com refeitório e banheiro para entregadores.

Em outubro deste ano o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, estava otimista sobre o envio da proposta para análise dos deputados e senadores. No entanto, o projeto não avançou e até agora não há nenhuma novidade.

“Resta somente finalizar a redação. Até semana que vem, estará consolidado para apresentar em definitivo ao presidente, para transformar em projeto de lei para ser submetido ao Congresso Nacional”, disse Marinho após o encontro com Lula em outubro.

Quais os atuais direitos do motorista de Uber?

Hoje para conseguir direitos e benefícios como motorista de Uber é preciso abrir uma empresa, o chamado MEI (Micro Empreendedor Individual). Somente dessa forma é que será garantido o pagamento de benefícios previdenciários, uma proteção caso o motorista fique doente ou se acidente.

A própria plataforma libera seguros para o carro em condições especiais, a fim de que em um problema mecânico o trabalhador saiba como agir. Ao abrir o MEI no Portal do Empreendedor, o motorista passa a ter acesso aos benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), como:

  • Aposentadoria por idade ou por invalidez;
  • Auxílio-doença;
  • Auxílio-acidente;
  • Salário maternidade.

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com