Nos últimos meses do governo comandado por Jair Bolsonaro, a Caixa Econômica queimou suas reservas. O ápice foi atingido logo depois das eleições realizadas no ano passado, momento em que os ativos de alta liquidez e o indicador de risco de curto prazo da Caixa bateram o patamar mais baixo da história. Confira detalhes.
Depois que Bolsonaro perdeu as eleições, o banco decidiu segurar os gastos na tentativa de reaver uma parcela dos ativos perdidos.
Calote na Caixa causado pelo governo Bolsonaro
Para entender melhor a situação, é preciso conhecer alguns termos. Ativos de alta liquidez são um montante mínimo em dinheiro que o Banco Central determina que as instituições bancárias do país possuam sempre disponível.
De acordo com a regra do BC, as instituições devem possuir ativos o bastante para quitar todas as obrigações com vencimento em 30 dias. Com isso, caso aconteça uma crise inesperada, o banco não quebrará pois conseguirá dar conta dos pagamentos mais urgentes.
Na linguagem do universo financeiro, isto é chamado de LCR — índice de liquidez de curto prazo.
A Caixa conseguiu obter, em 2020, um LCR de 400%, isto é, o banco possuía até quatro vezes o patamar mínimo de 100% para pagar as obrigações do mês. Esta sobra facilitava a chegada de programada de crédito do governo.
No entanto, no final do ano passado, este indicador caiu para 170%, o patamar mais baixo já obtido pelo banco.
Motivos que levaram a queda de liquidez do Caixa
O grande motivo que levou a queda de liquidez do banco foram as liberações de recursos para novos empréstimos em ano de eleições. No ano passado, a Caixa liberou meio trilhão de reais, um montante recorde em créditos.
Os maiores beneficiados foram o agronegócio e as famílias de baixa renda, grupos que o governo Bolsonaro estava mirando para tentar ficar no poder.
Recursos da Caixa usados para favorecer Bolsonaro?
Dados divulgados pelo UOL reforçam esta suspeita de que a Caixa foi usada na tentativa de favorecer Bolsonaro nas últimas eleições.
“O grande problema da diminuição da liquidez foi justamente a execução pelo banco de programas orientados pelo governo federal, tais como o microcrédito, que tem uma inadimplência muito grande, e agora, no último período, o consignado do Auxílio, onde a Caixa foi o banco que mais emprestou”, disse Rita Serrano, atual presidente da Caixa, em dezembro do ano passado, segundo o UOL.