Sorvetes, peixes, McDonald’s, padaria e hotéis: Confira quais foram os gastos mais surpreendentes no cartão de Bolsonaro

Pontos-chave
  • Sigilo de 100 anos foi derrubado e gastos do ex-presidente começam a ser revelados
  • Confira alguns dos gastos no cartão corporativo

A Secretaria-Geral da presidência da República revelou os gastos efetuados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no cartão corporativo após a queda do famoso sigilo de 100 anos. A solicitação para divulgação destas informações foi da agência Fiquem Sabendo, que afirmou ter recebido a resposta ontem, 11.

Bolsonaro gastou um total de R$27,6 milhões, entre gastos com sorvetes (R$ 8,6 mil), hospedagens (R$ 10,5 milhões, incluindo alimentação) e lanches da rede McDonald’s (cerca de R$ 800).

O pagamento mais alto realizado no cartão de uma vez só foi para o Hotel Praia do Tombo, localizado no Guarujá (SP) no dia 25 de fevereiro de 2020, durante o Carnaval, no valor de R$140 mil.

Outro gasto com hotel foi também no Guarujá, no Ferraretto, no valor de R$1,4 milhão, que foi pago em dez parcelas ao longo do período de seu governo.

Sobre alimentação, se destacam entre os gastos, uma conta de R$392 no McDonalds e uma da Casa de Doces e Queijos Brasília, em R$ 9 mil. No dia 6 de setembro de 2021, somente neste estabelecimento, a conta ultrapassou R$ 500. Por fim, no dia 8 de fevereiro de 2022, um restaurante descrito como hamburgueria e pizzaria recebeu R$ 25 mil.

Também vale destacar uma despesa de $ 71 mil, descrita como “gêneros de alimentação”, no Posto KA Brasil efetuada no dia 2 de janeiro de 2022. No dia seguinte, a Panificadora São Francisco do Sul recebeu R$ 61 mil. Seguindo em alimentação, foram gastos R$ 55 mil no dia 26 de maio de 2019 na Padaria e Confeitaria Barão de Ipanema Ltda, de nome fantasia Santa Marta, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Em 22 de maio de 2021, no mesmo estabelecimento foi feito um gasto de R$ 33 mil. Entre os anos 2019 e 2022, os gastos na Santa Marta em Copacabana com o cartão corporativo foram de cerca R$ 362 mil.

De acordo com o decreto 5.355 de 25 de janeiro de 2005, o Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF) é de uso dos “órgãos e entidades da administração pública federal integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social”, sendo voltado para efetuar pagamentos das “despesas realizadas com compra de material e prestação de serviços”.

“A utilização do CPGF para pagamento de despesas poderá ocorrer na aquisição de materiais e contratação de serviços enquadrados como suprimento de fundos”, dizia o documento.

 O ex-presidente sempre fez questão de dizer que não utilizava o cartão corporativo em seu governo. “A média (de despesas no cartão corporativo) está em R$ 3 milhões. Nunca gastei um centavo, eu posso sacar até R$ 25 mil por mês e tomar Itubaína, mas nunca usei”, afirmou Bolsonaro ao falar a respeito  do uso do cartão com gastos pessoais em outubro do ano passado em entrevista à Jovem Pan.

Bolsonaro, que sempre tentou passar imagem de homem de hábitos simples, utilizou o cartão corporativo para fazer uma compras significativas em um mercado gourmet de Brasília, famoso entre as pessoas que gostam de alta gastronomia. Neste local foram gastos R$678 mil, em 1,2 mil compras.

Comparação com demais governos 

Ainda não é possível dizer se os gastos com cartão no governo Bolsonaro foram mais ou menos elevados dos que os realizados nos governos passados. Os dados divulgados agora mostraram um gasto de R$27,6 milhões em gastos ao longo dos quatro anos.

No entanto, o valor final pode ser mais alto, já que um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou para despesas de R$ 21 milhões com o cartão da presidência somente nos dois primeiros anos de mandato de Bolsonaro.

De acordo com a mesma base de dados revelada, Lula gastou R$ 22 milhões – levando em conta  os valores da época, sem correção. Se o montante for atualizado com base no IPCA, índice que normalmente é utilizado para aferir as oscilações de bens de consumo, este montante somado ao fim de 2006 significariam R$ 55 milhões atualmente.  

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Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.