Nos últimos meses, um escândalo abalou profundamente a credibilidade do Campeonato Brasileiro de Futebol e trouxe à tona uma questão delicada: a manipulação de resultados em benefício de fraudadores.
Manipulações no futebol
Revelações como as de que jogadores estão tomando cartões de propósito em busca de lucros fáceis é um golpe doloroso para aqueles que sempre acreditaram na paixão e na honestidade do esporte.
Ricardo Santos, cientista de dados especialista em análise estatística para apostas esportivas em Futebol e fundador da Fulltrader Sports, vê essa prática corrupta trazer consigo uma série de problemas que vão além do campo de jogo. O especialista vê que há uma distorção do resultado das partidas, o que compromete a competitividade e a justiça esportiva, o que acaba minando a essência do futebol e desencoraja o apoio e o engajamento dos torcedores.
Para Santos, esse tipo de situação mancha, e muito, a imagem das casas de apostas. “Muitos atribuem o fato aos sites e plataformas. No entanto, eles são extremamente prejudicados nesses casos. Quando algo é identificado, as casas de apostas costumam contactar empresas especializadas em fraudes para informar essas movimentações fora do comum. É justamente, por meio dessas notificações, que uma investigação começa”, comenta o especialista.
Em episódios como este que ocorre agora, as plataformas são uma das grandes interessadas pela resolução. “Apostas com valores astronômicos em situações extremamente específicas atrapalham toda a operação dos sites. Além disso, é uma pena que esse tipo de situação aconteça em grandes competições, como a Série A do Campeonato Brasileiro”, lamenta Santos.
Chama a atenção que muitos dos jogadores envolvidos no caso fazem parte de grandes times, como Santos e Athletico Paranaense. Não só isso, são titulares de equipes com enormes torcidas, que recebem salários (que, muitas vezes, ultrapassam R$ 100 mil por mês). “Arriscar a própria carreira para participar desse tipo de manipulação é um movimento extremamente equivocado”, pontua o fundador da Fulltrader Sports.
Com todos estes casos, uma antiga discussão foi reaquicida: a regulamentação das casas de apostas no Brasil. “Há alguns anos já existe um projeto de lei que visa a regularização das empresas dessa área para que elas atuem de vez em território nacional. Hoje, todas as operações que funcionam aqui possuem suas sedes em outros países. A proposta aponta um pagamento de R$ 30 milhões para uma licença de operação de cinco anos”, comenta Santos.
Situações como esta já aconteceram, inclusive, em outros países, como Portugal, e, como explica Santos, o resultado foi desastroso. “As rigorosas regras afastaram sites famosos do país, dificultando a vida dos apostadores portugueses. Por outro lado, a Inglaterra conta com uma política extremamente flexível, facilitando a instalação de empresas do setor possibilitando uma boa rotatividade na economia local”.
Portanto, é de grande de interesse das casas de apostas que os casos de manipulação de jogos sejam solucionados e que os responsáveis sejam devidamente punidos. “Todas as empresas desse setor dependem da credibilidade e da integridade das competições esportivas para atrair os apostadores e, casos como esse, minam a confiança no sistema e comprometem a imparcialidade das apostas”, finaliza o especialista.