Nos últimos anos foi possível observar um grande crescimento na quantidade de investidores na Bolsa. No entanto, um dado chama a atenção quando focamos em falar dos últimos três anos. Entenda.
Nos últimos três anos, cresceu a diferença no número de homens e mulheres que investem na bolsa brasileira. A quantidade de novas investidoras caiu depois de uma fase de crescimento expressivo, ao passo que o de homens permaneceu. No ano de 2020, as mulheres respondiam por 26,24% das pessoas com ações ou com outros ativos na B3.
Esta questão foi observada por mulheres do mercado financeiro e é decorrente de diversos fatores. De forma geral, existe a resistência de razões já conhecidas, como os obstáculos no acesso à educação financeira e na orientação de investimentos, o que prejudica que a entrada de de novas investidoras permaneça forte.
Mas, esta queda na entrada de mulheres no mundo dos investimentos pode estar relacionada ao período incerto da economia. Em média, as mulheres ao entrar na bolsa adotam uma postura mais cautelosa e com aversão ao risco.
Na visão de Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator Administração de Recursos (FAR), este abismo maior entre a quantidade de homens e mulheres na Bolsa pode estar sendo causada por uma revisão dos investimentos por parte das mulheres neste cenário mais incerto que estamos atravessando. “Acredito que haja de fato uma volatilidade nesses números. Agora, pode ser que enquanto elas estão saindo para outros investimentos em razão do período, os homens sigam chegando por temerem menos os riscos”, disse ela ao E-Investidor.
A quantidade de mulheres na Bolsa segue aumentando em números absolutos. De acordo com informações da B3, em 2016 as mulheres representavam cerca de 130 mil de um total de 564 mil investidores. Já a partir de 2019, esta quantidade quase dobrou anualmente.
Em 2021, de 5,9 milhões de investidores, 1,1 milhão eram mulheres, o que representa um aumento de 36%. Já no ano passado, esta quantidade saltou para 1,34 milhão, um crescimento mais ameno de 16%. Agora, as mulheres são 1,38 milhão, uma parcial de 3,3% a mais que no último ano.
Na visão da analista financeira Mariana Ribeiro, este crescimento no número de mulheres na Bolsa aconteceu em meio a um movimento de mulheres que começou em 2019 que tinha o objetivo de atrair novas investidoras e com a maior facilidade em investir na Bolsa.
“Com isso, as mulheres foram encorajadas a buscar conhecimento sobre finanças pessoais e a investir em diferentes tipos de ativos, como ações, fundos imobiliários e títulos públicos”, disse ela ao E-Investidor.