Com acordos fechados com as empresas que produzem ovos de Páscoa meses antes da data comemorativa, a Americanas viu seu tradicional posto de dona do varejo de chocolates ser ameaçado devido ao rombo contábil que se encontrou no balanço da empresa em janeiro de 2023.
Por isso, o diretor comercial da Americanas, Aleksandro Pereira, precisou de bastante habilidade para contornar uma situação delicada e inédita para a companhia. Assim, após 15 dias de negociação, lutando para manter os volumes combinados, a empresa conseguiu garantir a compra de 13 milhões de ovos de chocolate.
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Contudo, para isso, a empresa precisou realizar pagamentos à vista e até mesmo antecipados devido à sua grave condição financeira. Vale lembrar que, em uma situação normal, os pagamentos seriam feitos com prazos de 15 dias a um mês após o feriado cristão.
Entretanto, com o volume que se tornou possível adquirir, a expectativa da empresa é ter alta de faturamento sobre a mesma data do ano passado. Contudo, a companhia não abre, porém, de quanto foi esse faturamento.
“Temos marcas próprias (de ovos), especialmente as licenciadas – voltadas para crianças -, que são desenvolvidas sempre com um ano de antecedência. Nas demais indústrias, viemos conversando ao longo do ano e chegamos a um volume e custo em novembro e dezembro”, contou Pereira.
Já estava tudo fechado, mas não havia começado a emissão e o recebimento de pedidos. Quando o problema surgiu, ficou um ponto de interrogação”, salientou o dirigente da empresa.
As dívidas da Americanas com empresas de chocolate
Ainda segundo Pereira, o principal entrave para as negociações com as empresas fornecedoras de chocolate seria o prazo de pagamento, uma vez que boa parte dessas organizações estão presentes na lista de credores da Americanas.
Ao todo, a companhia varejista possui mais de R$ 240 milhões em dívidas apenas com a Nestlé. Outro exemplo é o da Ferrero Rocher, que possui quase R$ 15 milhões a receber da empresa varejista.
“Eu não tinha muito tempo. Isso foi uma dificuldade. Foram duas semanas de conversas intensas. Foi como negociar com alguém que estava chateado”, conta Pereira.
Outro ponto abordado pela varejista indica que o ataque de bancos ao seu caixa, levou a rede a uma situação de ter apenas R$ 250 milhões para tocar toda a estrutura do negócio. Assim, essa teria sido a motivação para que a Recuperação Judicial fosse adiantada.
“Nunca ficamos com o caixa zerado. Os pedidos de Páscoa tem faseamento, assim, não há desembolso do caixa de uma vez só. Para esse tipo de negócio, tínhamos como fazer. Assim como tínhamos para pagar os funcionários. Nossa operação não parou. Temos vendas e, assim, entra caixa”, afirmou.