Inscrições do CadÚnico são revisadas preocupando os beneficiários do Bolsa Família

A equipe de transição do governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT) já havia alertado sobre as suspeitas de fraude envolvendo o Auxílio Brasil. Ao assumir o comando do país, o presidente deu carta branca para que o ministério do Desenvolvimento Social aplicasse um pente-fino nas inscrições do CadÚnico (Cadastro Único). A ideia é justamente excluir quem não tem direito de receber programas sociais, como o Bolsa Família. 

Inscrições do CadÚnico são revisadas preocupando os beneficiários do Bolsa Família
Inscrições do CadÚnico são revisadas preocupando os beneficiários do Bolsa Família (Imagem: FDR)

No ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) já havia suspeitado de irregularidades nas inscrições do CadÚnico que davam acesso ao Auxílio Brasil. Desde então, começou a ser feita uma investigação sobre as famílias que fazem parte dessa lista de beneficiados. Justamente por isso, em fevereiro desse ano começou a ser aplicado o pente-fino nos cadastros. 

A ideia é que sejam revisados os dados apresentados pelas famílias, e ainda, contar com o cruzamento de informações com outros bancos de dados. Dessa forma, seria possível identificar onde há erros ou irregularidades. São pelo menos 22 milhões de famílias cadastradas para receber o Bolsa Família nesse ano, recebendo o valor médio de R$ 614 por mês.

Dentro desse número, no entanto, o governo acredita que pelo menos 2,5 milhões de famílias recebem o Bolsa Família de forma indevida. Por conta disso viu-se a necessidade do pente-fino nas inscrições do CadÚnico. Dessa forma, a partir de março mais famílias poderão ser inclusas e será autorizado o adicional de R$ 150 por criança de até seis anos.

Foco do pente-fino nas inscrições do CadÚnico

Embora toda a lista de famílias que recebem o benefício social vá passar pela revisão de dados, existe um principal foco do pente-fino nas inscrições do CadÚnico. São as famílias unipessoais, isso é, compostas por uma única pessoa e que somam 5,5 milhões dentro do Auxílio Brasil.

Chamou atenção o fato dessa composição ter crescido consideravelmente no último ano. De outubro de 2021 até hoje, esse tipo de família passou de 15% para 25% do total de beneficiárias. A suspeita é de que um mesmo grupo familiar esteja se desmembrando para que mais de uma pessoa receba ajuda financeira, o que é proibido.

Outro fator que tem gerado críticas é de que as famílias unipessoais recebem o mesmo valor de ajuda que uma família composta por crianças. Diante disso, esses grupos devem ser convocados para apresentar documentos comprovando que têm direito de receber o Bolsa Família, e atualizar as inscrições do CadÚnico.

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com
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