A América Latina possui um dos ecossistemas de soluções financeiras digitais mais consolidados do planeta. E, claro, o Brasil é protagonista nisso. De acordo com dados do Fintech Report 2022, do Distrito, o Brasil conta com 1.289 startups financeiras, 63% delas (819) criadas nos últimos seis anos.
Entre as categorias que despontam estão crédito, em primeiro lugar, com 17,5%; seguida por Meios de Pagamento (14,4%); BackOffice (gestão empresarial) com 14,2% e Serviços Digitais (8,9%).
Entre as iniciativas, o público-alvo predominante é o B2B, ou seja, fintechs com soluções voltadas exclusivamente para outras empresas, representando mais da metade (53,9%) das startups do ecossistema do setor financeiro.
Um estudo recente realizado pela Latitud, o “Latin America: Future of B2B Fintech”, aponta um conjunto de tendências globais para essas startups, em cinco áreas: pagamentos (processamento de pagamentos e soluções de pagamento B2B); empréstimos (financiamento baseado em receita e B2B ‘buy now, pay later’); Open Finance (infraestrutura e software bancário baseado em APIs); ferramentas de software para PMEs (softwares de gestão, contabilidade, despesas e compras); e “payroll” e benefícios (adiantamento de salários e programas de recompensas para funcionários).
Tendências apontadas pelos especialistas
Francisco Pereira, CEO da Trademaster, fintech que alavanca as vendas nas cadeias de distribuição e impulsiona o crescimento sustentável do varejo,vê que entre as soluções B2B em pagamentos que terão destaque em 2023 estão as que facilitam o acesso ao crédito para as PME’s.
“Historicamente, o segmento tem dificuldade em encontrar soluções personalizadas. Muitas vezes, contar com maior prazo para quitar um boleto, já soluciona o problema de caixa, assim como soluções que ampliem seus limites de compra com a indústria, garantindo o abastecimento de suas prateleiras. Em um momento de busca pela retomada, em que o mercado ainda enfrenta alguns desafios na agenda econômica, como os juros altos, iniciativas assim dão maior fôlego para o setor”, acredita Pereira.
Já Ariane Pelicioli, CEO e cofundadora da iUPay, startup de meios de pagamento que conta com investimentos da Wayra Brasil, acredita que iniciativas como o Open Banking impulsionam o desenvolvimento de tecnologias que tornam os processos de pagamento mais ágeis e seguros.
Na visão de Pelicioli, “Ao integrar os sistemas das instituições financeiras, permitindo o compartilhamento de dados e serviços de pessoas jurídicas, o Banco Central contribui para um ambiente mais competitivo e diverso entre as instituições financeiras, o que fortalece o mercado, que passa a contar com opções de produtos e serviços financeiros mais atrativos”.
Fabian Valverde, CEO da Paketá, fintech de crédito sustentável para colaboradores CLT, crê que as oportunidades na área de Payroll e Benefícios (crédito consignado, adiantamento de salários e programas de recompensas para funcionários) vão possibilitar a entrada das fintechs em nichos como o de RH, atingindo a um maior número de pessoas.
“O crédito consignado faz com que os funcionários tenham acesso a dinheiro a taxas mais adequadas, considerando o seu salário como garantia de pagamento. A corrida das empresas por oferecer os melhores benefícios do mercado faz com que esse tipo de produto seja uma tendência, além, é claro, de impactar diretamente na produtividade do funcionário “, conclui Valverde.