Invasões em Brasília podem ter virado péssima notícia para reestruturação da Economia

A consequência imediata dos acontecimentos em Brasília no último domingo, 8, que ficou marcado pelos atos golpistas, fora as respostas institucionais e a percepção de instabilidade  política entre agentes econômicos, foi o entendimento da necessidade de alteração na agenda política nestas primeiras semanas do novo governo Lula.

Os olhares e os esforços políticos devem ficar em torno dos acontecimentos deste final de semana, pelo menos no curto prazo, na visão de analistas políticos procurados pelo InfoMoney.

“A política deve ver um deslocamento da pauta de discussão, que tende a fugir das medidas econômicas do ministério de Fernando Haddad para se concentrar em uma força-tarefa de governo, Congresso e Supremo em direção a reações para encontrar e responsabilizar os culpados pelos atos”, disseram os analistas da XP Política em relatório enviado a clientes.

“O Planalto pretende exibir reação firme e enérgica para evitar que a possibilidade de repetição dos episódios de ontem seja uma sombra com a qual o governo Lula precise conviver”, complementaram. Na visão dos profissionais, também é preciso um monitoramento no que diz respeito a possíveis desdobramentos que os atos podem desencadear entre manifestantes radicais em todo o Brasil.

“Com a decisão de Alexandre de Moraes, de dissolução completa dos acampamentos em frente aos quartéis em 24 horas, será importante observar o comportamento de forças policiais e governadores para executá-las”, disseram eles ao InfoMoney.

Na visão do analista politico Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria Integrada e professor do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), os atos realizados no último domingo  são “resultado de um longo processo de corrosão instituições”, e que prejudicam a condução de consensos nos demais temas da agenda de políticas públicas, como a econômica.

Ele diz ainda que a retomada de certa normalização da situação, o que é imprescindível para a volta dos debates políticos, passa diretamente pela necessidade de recuperação da institucionalidade que envolvem as forças de segurança, sejam elas policiais, ou militares, que passaram por uma grande politização ao longo do antigo governo Bolsonaro.

Na visão do analista, os prejuízos para a agenda política dependerá de quanto tempo este assunto que envolve a retomada da estabilidade institucional gastar. “Há uma falta de coordenação da base aliada na agenda econômica. O que eventualmente pode dar liga a essa coalizão é a agenda institucional. Essa coalizão, que é bastante heterogênea, não tem um Plano Real, ela foi construída ao risco democrático”, disse ele ao InfoMoney.

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Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.
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