Por que a Bolsa subiu tanto e o dólar despencou após o primeiro turno das ELEIÇÕES?

Pontos-chave
  • Resultado das eleições foi diferente do esperado
  • Ibovespa crescia cerca de 4,5% no início da tarde de ontem, 3
  •  A moeda brasileira foi a que obteve o melhor desempenho global nesta sessão

Neste domingo, 2, foi realizado o primeiro turno das eleições 2022 que obteve um resultado surpreendente. Diferente do que a maioria das pessoas e também gestores estavam imaginando, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, não venceu no primeiro turno e irá disputar a presidência do Brasil junto com Jair Bolsonaro no segundo turno. Diante disso como ficou o movimento do Ibovespa e do dólar? Confira.

Para ex-dirigentes do Banco Central, Lula e Bolsonaro precisarão enfrentar questão POLÊMICA
Bolsa sobe e dólar despenca após primeiro turno. Entenda os motivos (Imagem: FDR)

Após o resultado das urnas, o Ibovespa crescia cerca de 4,5% no início da tarde de ontem, 3. Simultaneamente, o dólar caía 4,11% ante o real, sendo negociado a R$ 5,172 na compra e a R$ 5,173 na venda. A moeda brasileira foi a que obteve o melhor desempenho global nesta sessão.

Diferentemente do que foi mostrado no último sábado pelo DataFolha, em que Lula estava com 50% das intenções de voto e Bolsonaro com 36%, na prática a diferença foi bem mais apertada, com Lula tendo 48,4% dos votos e o atual presidente  43,2%.

No estado de São Paulo, o resultado também, surpreendeu, uma vez que o candidato Tarcisio de Freitas, aliado com Bolsonaro, que vinha perdendo nas pesquisas, conquistou o primeiro lugar com cerca de 7% a mais de votos que Fernando Haddad.

“O cenário base continua sendo de uma vitória do Lula. Temos uma diferença de seis milhões de votos, que é difícil tirar no segundo turno. Mas as eleições foram mais apertadas do que o esperado”, disse ao InfoMoney Marcos Peixoto, gestor da XP Asset, na edição especial do InfoMorning de ontem, 3.

No entanto, na visão do gestor, a possibilidade maior de Bolsonaro vencer impacta de forma positiva a precificação dos ativos do Brasil, bem como da moeda. Isto está acontecendo pois Bolsonaro está tomando decisões tidas como mais amigáveis ao mercado.

Já o PT, partido de Lula, tem uma tendência a optar por medidas heterodoxas na economia, como a intervenção do estado em vários setores,  responsabilidade fiscal mais baixa e maiores gastos públicos.

Altas despesas públicas costumam, por exemplo, gerar um fluxo de saída de capital do Brasil, com o receio de investidores de que o governo não de conta de cumprir com as responsabilidades financeiras. Isto deixa a moeda enfraquecida e faz pressão na curva de juros, com os “empréstimos” ao Brasil encarecendo.

“O mais importante foi, contudo, a composição do congresso, com a direita ganhando força no Senado e na Câmara. Isso limita bastante o medo de o Lula vir mais a esquerda. Dificilmente vai conseguir, nesse cenário, mudar algo como a lei das estatais ou tomar atitudes mais ousadas, como estatizar a Eletrobras, coisas que ele vinha defendendo”, disse Peixoto ao InfoMoney.

As ações ordinárias e preferenciais do estado cresceram 7,71% e 7,62%, de forma respectiva. As ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3) sobem 7,09%.

“Indo direto ao ponto, a probabilidade de o Lula fazer um governo muito à esquerda ficou muito pequena. As chances de termos um presidente mais radical, mais raivoso, com governo liderado pela Gleisi Hoffmamn ou pelo Aloísio Mercadante, por exemplo, caiu muito. O Congresso é de direita e de centro direita, conservador e emponderado”, acrescentou Paolo di Sora, CIO da RPS Capital ao InfoMoney.

É esperado que diante deste cenário, Lula tenha que articular bem mais com pessoas que possuem posicionamentos diferentes sobre os planos para a economia.

Um exemplo é que no caso da Petrobras, o candidato do PT estava se mostrando contra a politica de preços adotada atualmente pela estatal, que segue a paridade internacional do petróleo. Lula, para o Banco do Brasil, defendeu que a instituição “tem de focar menos no lucro para ter maior responsabilidade social”.

“Acho que o Lula tem de 70% a 80% de chance de ganhar, mas, mesmo assim, terá de conversar muito com o Congresso. Vamos caminhar pelo centro, seja quem for o presidente eleito. E esse cenário de centro ainda não está precificado na maioria dos ativos. A bolsa está relativamente barata e o dólar ainda caro”, afirmou o CIO ao InfoMoney.

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Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.
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