Nas últimas semanas, um dos medicamentos mais utilizados por homens cis e pessoas trans disparou de preço. A Deposteron, ou cipionato de testosterona, hormônio distribuído pela farmacêutica brasileira EMS, passou por um aumento de 200% em seu preço. Antes vendido na casa dos R$50, o medicamento agora é encontrado por uma média de R$200.
O crescimento no preço da Deposteron ficou bem acima do reajuste que foi aplicado nos preços dos medicamentos no país a partir de abril de 2022, de 10,89%. Este era um hormônio conhecido por seu preço mais acessível para reposição hormonal, para homens cis e para terapia hormonal, no caso de pessoas transmasculinas que querem fazer o procedimento.
Este é um medicamento de uso contínuo e cada embalagem possui três ampolas, para três aplicações intramusculares, com intervalos de duas a quatro semanas, a depender da indicação do médico.
A EMS, líder do mercado farmacêutico no país, recebeu nas últimas semanas cerca de 400 reclamações através do site Reclame Aqui na categoria “valor abusivo”, de acordo com os clientes.
Preço elevado prejudica vida de pessoas trans
De acordo com estudos, uma parcela considerável de pessoas trans estão em situação de vulnerabilidade financeira. O diagnóstico LGBT+ feito pela Vote LGBT no ano passado, com a participação de 7.700 pessoas das cinco regiões do país, revelou que 6 em cada 10 dos desempregados LGBT+ (59,47%) já estão sem trabalho há 1 ano ou mais. Ainda, 4 em cada 10 pessoas LGBT+ (41,53%) moram em casas com insegurança alimentar. Quando falamos de pessoas trans, a quantidade cresce para mais da metade (56,82%).
De acordo com Pedro Maia, jovem trans, arquiteto que reside do Rio de Janeiro e que faz uso da Deposteron, esta subida de preço do medicamento pode afetar sua vida. Ele, que contou ao Invest News que necessita do medicamento a cada 15 dias, afirmou que irá precisar se organizar financeiramente para dar conta do custo.
“Ainda não caiu muito a ficha, acho que no momento em que eu precisar ir à farmácia e começar a parcelar o valor do hormônio que vou entender como me organizar financeiramente para manter a terapia hormonal”, disse ele ao Invest News.