Em julho, a retirada de valores da caderneta de poupança superou os depósitos em R$ 12,7 bilhões. Esta foi a maior saída líquida para os meses de julho desde o começo da séria histórica, iniciada em 1995. Os dados foram divulgados pelo Banco Central na última quinta-feira (4).
A retirada líquida da poupança em julho foi cinco vezes maior do que o recorde anterior para o mês, de 2015. Na ocasião, a diferença entre saques e depósitos tinha sido de R$ 2,45 bilhões.
Segundo o Banco Central, no sétimo mês deste ano, os depósitos chegaram a R$ 290,4 bilhões. Já as retiraras somaram R$ 303,1 bilhões no período.
No acumulado nos setes primeiros meses do ano, a poupança teve uma retirada líquida de R$ 63,15 bilhões. Esta também representa a maior retirada de valores acumulada para o período desde 1995. O recorde anterior tinha sido em 2016, quando os saques tinham superado os depósitos em R$ 43,7 bilhões.
Neste ano, houve mais depósitos que saques somente em maio. Na ocasião, a captação líquida tinha sido de R$ 3,51 bilhões.
Fatores que contribuem para maior retirada de valores da poupança
A retirada maior de dinheiro da poupança acontece em um panorama de alta inflação e endividamento. No acumulado nos últimos 12 meses, a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), está acima de dois dígitos.
Conforme dados mais recentes do Banco Central, o endividamento das famílias com bancos encerrou março em 52,7%. Ao descontar as dívidas mobiliárias, o nível de endividamento ficou em 33,2%.
A saída líquida também coincide com a baixa rentabilidade da caderneta de poupança. Segundo a regra deste investimento, quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança fica travado em 0,5% ao mês + Taxa Referencial (TR).
Por conta disso, desde dezembro do ano passado, quando a taxa básica de juros superou deste nível, os investidores desta aplicação seguem com a mesma remuneração. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano.
Atualmente, o investimento mais tradicional do Brasil vem rendendo abaixo da inflação. Conforme simulações do Yubb, para o período de 12 meses, o rendimento líquido da poupança (descontada a inflação) é de -0,91%.
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