A desigualdade de renda tem seus impactos, que já podem ser vistos através da mobilidade social no Brasil. Até mesmo a efetividade do Auxílio Brasil entre as classes de D e E será comprometida.
Na prática, o aumento de R$ 200 no Auxílio Brasil continua sendo insuficiente para retirar os beneficiários do programa da condição de vulnerabilidade a curto prazo.
O novo Auxílio Brasil de R$ 600 ainda nem começou, e já é considerado defasado em virtude da alta da inflação. O medidor oficial da inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apresentou um crescimento de 20% em dois anos.
O Auxílio Brasil no valor de R$ 600 é oriundo de uma estratégia eleitoral regulamentada pela Proposta de Emenda à Constituição – PEC dos Benefícios. O texto surgiu no Senado Federal motivado pela alta dos combustíveis que pesava cada vez mais no bolso do consumidor.
No decorrer dos trâmites de aprovação, algumas emendas foram apresentadas e incluídas. Assim surgiu o aumento no Auxílio Brasil, no Vale Gás, além da criação do Auxílio Taxista e Auxílio Caminhoneiro.
Apesar de a economia brasileira enfrentar uma situação crítica, este não é um cenário exclusivo do Brasil, e sim um fenômeno típico de países com um alto índice de desigualdade de renda, segundo o relatório Tendências Consultoria.
Público do Auxílio Brasil e classes C, D e E sofrem com desigualdade.
O Auxílio Brasil, substituto do famoso Bolsa Família, é conhecido por amparar uma parte da população brasileira em situação de vulnerabilidade social. Este público já é amplamente afetado pela desigualdade social, lutando para sobreviver com a transferência de renda.
Nem mesmo a ampliação no valor das próximas cinco parcelas será o bastante para assegurar o enxugamento das classes D e E a curto prazo. Destacando que a classe C, cuja renda atual varia entre R$ 3 mil a R$ 7,2 mil, foi reduzida desde o início da pandemia e não deve recuperar o patamar inicial até 2024.
Segundo dados do relatório, a inflação atinge, principalmente, a classe C, que depende diretamente do trabalho como fonte de renda. Por esta razão deve apresentar um crescimento reduzido considerando que os salários já são corroídos pela alta dos preços.
Por outro lado, as classes D e E não devem diminuir, e sim, aumentar. Em 2020, existiam 36,6 milhões de domicílios na camada da população cuja renda era inferior a R$ 3 mil. Já em 2022, o Brasil deve chegar à casa dos 40,7 milhões de lares na camada mais vulnerável da população.
Enquanto isso, a estimativa é que haja um aumento em 2023, atingindo 41 milhões de brasileiros. De acordo com o relatório, este é o maior entrave ao crescimento da renda social dos cidadãos mais pobres, onde a educação não é revertida em produtividade.