“O pobre só ficou mais pobre”; saiba como vivem as beneficiárias do Auxílio Brasil

Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu sancionar a PEC que aumenta o valor dos benefícios sociais. O antigo Bolsa Família agora terá um salário de R$ 600, mas ainda assim é visto como insuficiente pela população. Abaixo, veja o que os segurados do Auxílio Brasil dizem sobre a atuação do governo.

"O pobre só ficou mais pobre"; conheça a história das beneficiárias do Auxílio Brasil (Imagem: Montagem/FDR)
“O pobre só ficou mais pobre”; saiba como vivem as beneficiárias do Auxílio Brasil (Imagem: Montagem/FDR)

Buscando a reeleição em 2023, Bolsonaro conseguiu aprovar a PEC que aumenta o valor de uma série de benefícios sociais. O Auxílio Brasil agora será de R$ 600 e o Vale Gás ficou em R$ 120, mas ainda assim os vulneráveis permanecem passando por dificuldade.

Auxílio Brasil é insuficiente e não mata a fome da população

Maria Rosangela, uma das beneficiárias do Auxílio Brasil, explica que mesmo com o aumento da mensalidade não consegue quitar suas contas. Moradora de uma comunidade no centro do Recife, ela conta que precisa vender picolé informalmente para complementar sua renda.

“Minha vida piorou e muito com esse atual governo. Tudo está caro, estou desempregada há cinco anos e não consigo achar um novo emprego. Não tem oportunidade para quem é pobre, a gente procura, mas não acha. É uma realidade muito diferente do que saí nos comerciais de TV”.

Essa também é a realidade de Mariluce, que reside na mesma região. Desempregada e sem renda fixa, ela afirma que vive apenas com os R$ 400 ofertados pelo Auxílio Brasil, mas garante que o valor dá apenas para quitar o aluguel.

Mariluce vive por meio do assistencialismo, sendo contemplada mensalmente com uma cesta básica ofertada por uma igreja católica do seu bairro.

“Tem sido difícil. De que adianta aumentar o valor do benefício se tudo fica cada vez mais caro? A gente não consegue mais fazer supermercado, tem dias que não temos o que comer. Se não fosse o Padre talvez eu já tivesse morrido de fome. Com esses R$ 400 eu pago o que? O aluguel? A luz? Ou o comer? É difícil escolher”, relata.

Esperança no futuro

Questionadas sobre as eleições presidenciais e a atuação de Bolsonaro, ambas as beneficiárias se mostram insatisfeitas “tudo piorou desde quando ele chegou”, diz Rosangela. Já Mariluce afirma que “o pobre só ficou mais pobre. Eles não enxergam a gente, fingem que não existimos”, relatou.

As recifenses não escodem o apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, relembrando os momentos mais fartos vividos na gestão do PT.

“Naquela época a gente tinha emprego. Ninguém ficou rico, mas vivia com dignidade. Eu tinha comida na mesa, meus filhos tinham os professores na escola. Hoje em dia não temos mais nada, está tudo acabado”, diz Rosangela.

Para Mariluce, a volta de Lula significa uma esperança. Ela afirma que irá votar no PT por saber que o candidato tem empatia pelos pobres.

“Ele já foi pobre um dia, sabe como a fome dói. A gente precisa de um presidente que entenda nossa luta. Ele vai fazer pelos ricos, mas também vai olhar por nós, como sempre olhou. Nos governos dele eu conseguia dormir tranquila. Tinha aperreio, mas tinha comida na mesa e um teto na minha cabeça. Hoje a gente vive sem saber se vai acordar amanhã”. 

Crise social no Brasil

Assim como as beneficiárias acima, há mais de 20 milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade. O Brasil voltou ao mapa da fome e vem vivenciado diariamente o sucateamento das suas políticas públicas sociais.

É importante ressaltar que o aumento do Auxílio Brasil em R$ 200 tem sido apontado como estratégia eleitoral para garantir a renovação do mandado de Bolsonaro.

Antes de assumir o poder, o candidato do PL afirmava que as políticas públicas com esse modelo nada mais era do que uma “esmola social” que não garantia o desenvolvimento da população. No entanto, desde que assumiu a presidência, em 2019, vem fazendo o uso desses projetos ao seu favor.

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Eduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.