O ‘curioso’ caso da fintech que usa limite do cartão de crédito das pessoas

Diversas fintechs, em todo o mundo, além de trazerem o mercado financeiro cada vez mais para o mundo digital, também foram e são responsáveis pela criação de novos tipos de soluções. 

Por exemplo, há 10 anos atrás ninguém imaginava que pudessem existir bancos nichados. Alguns exemplos: o banco das mulheres (LadyBank), bancos das comunidades negras (Afro Bank, Conta Black e Banco Afro), o banco dos gamers (Banco Gamer), e por aí vai.

As fintechs de crédito também trouxeram soluções bem inovadoras. Por exemplo, na modalidade P2P Lending, regulamentada pelo Banco Central como Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), quem está buscando um empréstimo pode conseguir este com outras pessoas, de maneira coletiva, ao invés do modelo de empréstimos tradicionais, com as instituições financeiras. Isso dá maior acessibilidade ao crédito e até pode gerar melhores condições.

O empréstimo com garantia também se “transoformou” com as fintechs. Algumas delas, ao invés dos modelos tradicionais com garantia de imóveis ou veículos, passam a possibilitar o uso do celular como garantia.

A VirtusPay

Nesta linha de fintechs que transformaram o mercado de crédito, aparece a VirtusPay. A empresa foi criada em 2017 e possibilita que seus usuários façam compras parceladas em em até 15 vezes sem o cartão de crédito, através do boleto.

Isto acaba se tornando uma grande atração para muita gente, afinal de contas, o brasileiro gosta muito de parcelar suas compras (79% das pessoas, de acordo com o SPC Brasil), porém, nem todo mundo tem limite ou o cartão de crédito para conseguir este parcelamento. Em cima do valor da compra e em função do número de parcelas escolhidas, é aplicada uma taxa de juros de 3,9% a 7,5%.

No outro lado, a VirtusPay também tem uma solução para quem tem limite do cartão de crédito sobrando. Trata-se do “Acelera Pontos”, uma forma que as pessoas “emprestam” seus limite e acabam recebendo milhas/pontos por isso.

Problemas com os clientes

Na última quinta-feira (14), a VirtusPay comunicou diversos clientes que emprestavam o limite de seus cartões que não realizaria o pagamento das faturas em aberto que deviriam acontecer no dia seguinte, fato que levou vários destes clientes a entrarem na Justiça. 

A empresa já se pronunciou dizendo que está trabalhando para conseguir regularizar a situação, porém, para os clientes que passaram por este problema, a tranquilidade ainda está bem distante.

O Brasil conta hoje com mais de 1.600 fintechs, de acordo a Fincatch. Desde as primeiras fintechs até o de hoje, muitas prosperaram, mas também existem vários casos de descontinuidades, falências e problemas judiciais. Isto nos mostra como é importante conhecer bem sobre a empresa na qual estamos colocando nosso dinheiro e, mais do que isso, verificar a reputação das mesmas, seja por meio das redes sociais, Reclame Aqui, Play Store e o próprio site da Fincatch.

A diversificação, ou seja, nunca colocar todos os ovos na mesma cesta, também sempre servem como um ensinamento da Educação Financeira. Estamos sujeitos a riscos, porém, buscar formas de mitigá-los acaba sendo algo muito importante para nosso dinheiro.

Aguardemos para ver cenas dos próximos capítulos envolvendo a VirtusPay.

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Victor Barboza
Meu nome é Victor Lavagnini Barboza, sou especialista em finanças e editor-chefe do FDR, responsável pelas áreas de finanças, investimentos, carreiras e negócios. Sou graduado em Gestão Financeira pela Estácio e possuo especializações em Gestão de Negócios pela USP/ESALQ, Investimentos pela UNIBTA e Ciências Comportamentais pela Unisinos. Atuo no mundo financeiro desde 2012, com passagens em empresas como Motriz, Tendere, Strategy Manager e Campinas Tech. Também possuo trabalho acadêmicos nas áreas de gestão e finanças pela Unicamp e pela USP. Ministro aulas, cursos e palestras e já produzi conteúdos para diversos canais, nas temáticas de finanças pessoais, investimentos, educação financeira, fintechs, negócios, empreendedorismo, psicologia econômica e franquias. Sou fundador da GFCriativa e co-fundador da Fincatch.