Imposto de Renda pode ser o novo ‘inimigo’ de quem recebe pouco mais do que um salário mínimo

Diante da previsão de um salário mínimo em R$1.294 no ano que vem, aqueles brasileiros que ganham 1,5 salário mínimo, ou seja R$1.941, terão que pagar Imposto de Renda caso a tabela não seja corrigida. Por conta disso, R$2,77 deverão ser descontados  mensalmente do salário destes trabalhadores. Atualmente, aqueles que recebem 1,5 salário mínimo, ou R$1.818, é isento da cobrança de IR.

SALÁRIO MÍNIMO em 2023: nova previsão surpreende os brasileiros
Imposto de Renda pode ser o novo ‘inimigo’ de quem recebe pouco mais do que um salário mínimo (Imagem: FDR)

Esta possibilidade mostra uma situação que se agravou nos últimos anos em que cada vez mais brasileiros de baixa renda tiveram que começar a pagar IR. Isto acontece devido ao congelamento do limite da faixa de isenção da tabela do IRPF em R$ 1.903.

Este patamar é mesmo desde 2015, quando o salário mínimo estava em R$ 788. Naquele ano os trabalhadores que recebiam acima de 2,4 mínimos (o que corresponde atualmente  a R$ 2.908), pagavam IR. 

Quando o Plano Real passou a vigorar em julho de 1994, a faixa de isenção do Imposto de Renda era de R$ 561,81, o que correspondia na época a oito salários mínimos no valor de R$70.

É prevista pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que foi aprovada pelo Congresso ontem,13, um reajuste do salário mínimo de 1.212 para R$ 1.294. este valor pode ser mais alto em decorrência da inflação. 

Até mesmo o Ministério da Economia já atualizou para cima as projetos do reajuste e prevê o mínimo em R$ 1.310 a partir de janeiro de 2023. Caso esse valor realmente se confirme,  quem recebe 1,5 salário mínimo (R$ 1.965) terá R$ 4,57 descontados mensalmente.

Arrecadação em alta 

Quanto mais tempo a tabela fica congelada, mais o governo consegue arrecadar com a inflação. De acordo com Mauro Silva, presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), a cada ponto percentual de inflação que não é corrigido na tabela são cerca de R$ 2 bilhões por ano a mais nos cofres do governo. “É um aumento brutal de carga tributária. Nunca imaginamos uma faixa de isenção tão baixa”, disse ele ao UOL.

“O presidente Bolsonaro não corrigiu nem aquilo que seria de responsabilidade do governo desde 2018, um reajuste de 24,49%”, complementou ele ao UOL.

Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.