Com as eleições chegando, é uma boa investir em ações de empresas estatais?

Pontos-chave
  • As ações de estatais tendem a performar melhor que o Ibovespa em anos eleitorais;
  • O desempenho positivo acontece em meio às expectativas de privatização;
  • Especialistas observam oportunidades em empresas com participação federal e estadual.

Em período eleitoral, os investidores tendem a apresentar mais incertezas. Isso por conta da indefinição de quem vencerá a disputa presidencial, em meio às visões distintas dos candidatos. Com as eleições 2022 chegando, entenda se é uma boa investir em ações de empresas estatais.

Com as eleições chegando, é uma boa investir em ações de empresas estatais?
Com as eleições chegando, é uma boa investir em ações de empresas estatais? (Imagem: Montagem/FDR)

Apesar das incertezas em anos eleitorais, as ações de estatais têm apresentando performance positiva. Nesses períodos, esses ativos desempenharam melhor em relação ao Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3. O levantamento foi realizado pela Teva Indices, e divulgado pelo E-Investidor.

Nas últimas eleições presidenciais, que aconteceram em 2018, o índice que representa as companhias públicas teve um retorno de 40,7% no acumulado anual. Nesse mesmo tempo, o Ibovespa teve aumento de 15%.

Além disso, o volume de negociações de empresas estatais tende a ser maior do que o principal índice da B3. Em levantamento feito pela Economatica, e publicado pelo E-Investidor, dos últimos cinco anos eleitorais, as estatais registraram um volume de negociação maior do que o índice em três deles.

No caso desse levantamento, foram levados em conta somente as companhias estatais no mercado à vista — que representa o principal ambiente de negociação da B3 e cujas operações são feitas conforme a oferta e demanda no momento da sessão.

De acordo o head da mesa private de ações e sócio da BRA, Alexandre Achui, essa performance favorável das ações de estatais ocorrem por conta da esperança do mercado de que, com um novo governo, essas empresas sejam privatizadas.

Segundo ele, isso acontece porque, em termos de geração de valor aos acionistas, as companhias tendem a ser menos eficientes — e costumam passar por intervenções do governo.

De qualquer forma, apesar do desempenho favorável em períodos eleitorais passados, Braulio Langer, da Toro, afirma que não é possível prever se aas estatais terão melhor performance nas próximas eleições. Isso dependerá do panorama eleitoral que se formará.

É uma boa investir em ações de empresas estatais em ano eleitoral?

Segundo analistas consultados pelo UOL, certos cuidados precisam ser tomados pelos investidores. Apesar disso, eles afirmam que nem por isso as companhias estatais precisam seguir totalmente fora do radar.

Por exemplo, as empresas públicas dos setores de água e energia podem proporcionar certa defesa para a carteira do investidor. Isso em meio a um cenário de oscilação econômica, escalada da inflação e risco de recessão mundial.

Já no entendimento de especialistas ouvidos pelo InfoMoney, existem tanto pontos de atenção quanto de oportunidades.

Entre as companhias com participação da União, a Petrobras é observada como a que pode oferecer surpresas negativas no curto e médio prazo — em meio a seu status de companhia desestatizada.

A política de preços da estatal é o pano de fundo. Hoje, para estabelecer os preços da gasolina e óleo diesel, a Petrobras segue o Preço de Paridade Internacional (PPI). Devido ao valor do petróleo em alta no exterior, também houve aumento no preço desses combustíveis.

Este cenário tem causado desconforto nos dois principais candidatos das eleições 2022: Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O possível fim dessa política tende a afetar diretamente nos resultados da empresa.

Especialistas chamam a atenção para riscos envolvendo ações estatais em ano eleitoral
Especialistas chamam a atenção para riscos envolvendo ações estatais em ano eleitoral (Imagem: Montagem/FDR)

De qualquer forma, os especialistas têm uma previsão positiva para o Banco do Brasil. A razão disso é pelos altos juros e fundamentos do banco tradicional.

Na análise de risco e retorno, além do BB, a Eletrobras também apresenta um panorama mais confortável. No entendimento dos especialistas, depois da privatização, a companhia conseguiu se livrar de parte considerável do risco de interferência.

Empresas públicas estaduais também estão no radar

Distante dessa esfera federal, os especialistas destacam as companhias de energia elétrica e saneamento.

Entre as empresas pertencentes aos estados, a Cemig, companhia energética de Minas Gerais, é a favorita pelo CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalves.

Ele informa que essa empresa tem um preço sobre lucro descontado frente aos pares, e tem reestruturado sua gestão nos últimos anos. Em 2018, a Cemig teve lucro líquido de R$ 1,70 bilhão. Já em 2021, o valor saltou para R$ 3,75 bilhões.

Entre na comunidade do FDR e receba informações gratuitas no seu Whatsapp!

Silvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.