Ibovespa tem queda real de 29% em um ano; entenda o que isso significa

Nos últimos 12 meses, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira registrou queda de 20,5%. Já no acumulado dos últimos 12 meses até maio, o IPCA-15, considerada a prévia da inflação, ficou em 12,04%. Diante disso, o índice da B3 registra queda real de 29%. A informação foi levantada pelo Valor.

Ibovespa tem queda real de 29% em um ano; entenda o que isso significa
Ibovespa tem queda real de 29% em um ano; entenda o que isso significa (Imagem: Montagem/FDR)

Na área dos investimentos, existe o objetivo de que os rendimentos superem a inflação. Desse modo, o dinheiro não perderá valor conforme o tempo. Isso se chama ganho real. Contudo, ao considerar a prévia da inflação, o Ibovespa registra queda real em um ano.

Atualmente, o Ibovespa está próximo aos 100 mil pontos. Segundo cálculos do Valor Data, caso o índice da bolsa de valores tivesse sido corrigido pelos 12,04% do IPCA-15 desde junho do ano passado, estaria em 142 mil pontos.

Além disso, caso o Ibovespa tivesse mantido a tendência positiva desde o pico de 130 mil pontos — registrado há mais de um ano —, a inflação teria aumentado os ganhos para 146 mil pontos.

A renda variável se caracteriza pela maior oscilação. Atualmente, tem sido observada uma instabilidade política, cenário adverso pós-pandemia, guerra entre Rússia e Ucrânia e ciclo de aumento dos juros — para conter o aumento da inflação.

Correlação entre inflação e recuo da bolsa de valores

Há uma correlação entre inflação e diminuição da bolsa de valores. Isso especialmente quando existe aperto da política monetária. Quando os juros aumentam, a renda fixa se torna mais interessante aos investidores. Neste cenário, ocorre uma migração da bolsa para aplicações mais conservadoras.

Ao Valor, analista da Toro Investimentos, Braulio Langer, afirma que o Brasil possui uma inflação historicamente alta. Nos últimos 15 anos, houve variadas crises internas. Historicamente, os juros no país também são elevados — em relação a outras nações. Isso afeta a bolsa de valores, segundo o analista.

O aumento dos preços também tende a pressionar as margens das companhias — tanto pelo encarecimento do crédito quanto pela diminuição do consumo. As empresas perdem uma parte da atratividade. Isso faz com que as aplicações de renda fixa a juros elevadores passem a ser, ainda mais, atrativos.

Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.