Segundo a Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), empresas de telemarketing já começaram a demitir funcionários, como consequência da implantação do prefixo 0303 em ligações de ofertas de produtos ou serviços. A entidade afirma que cerca de 40% das operações das empresas do setor estão paradas.
Desde março, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) obriga as operadoras de telefonia móvel a identificarem por meio do prefixo 0303 as ligações de telemarketing ativo. Para as ligações de telefone fixo a obrigatoriedade começou há duas semanas atrás, no dia 8 de junho. Foi após esse último evento que a crise se instalou nas empresas do setor.
Segundo a ABT, atualmente os call centers empregam 1,4 milhão de pessoas no Brasil. Boa parte desses empregos agora está em risco, devido às novas normas implantadas pela Anatel.
“A implantação não foi bem-sucedida pelas teles, que não conseguem completar as ligações, nem operacionalizar o serviço”, diz John von Christian, presidente da ABT.
Ele também alerta que muitos serviços essenciais, como energia, telefonia, seguros e serviços financeiros, estão sendo prejudicados e que até mesmo ligações de cobrança estariam sendo bloqueadas.
Entenda como está funcionando o prefixo 0303
Em 2021, o Brasil liderou pelo quarto ano consecutivo o ranking de chamadas “spam” no mundo, com uma média de 32,9 ligações por usuário ao mês. Esse cenário levou a Anatel a iniciar uma ofensiva contra o telemarketing abusivo.
Em dezembro, a agência baixou uma norma estabelecendo um prazo de 90 dias para o prefixo 0303 ser usado em todas as ligações de oferta de serviços e produtos feitas por celular, e de 180 dias para o mesmo prefixo ser usado nas ligações feitas a partir de telefone fixo.
“As empresas que descumprirem as regras responderão processo sancionatório no âmbito da Anatel, podendo sofrer multa de até R$ 50 milhões por infração”, detalhou em nota a agência.
Outra medida nesse sentido foi implementada pela Anatel na última terça-feira (21). Desde essa data, ligações que durarem até 3 segundos não serão mais gratuitas, já que as operadoras poderão cobrar a partir do primeiro segundo de chamada.
A medida mira o grande volume de ligações feitas por robôs (programas de computador), conhecidas como “robocalls”, que são disparadas aos milhares de um mesmo número, para todo o Brasil, e duram apenas poucos segundos.
A agência já havia pedido anteriormente que as operadoras enviassem listas com os nomes das empresas que realizam robocalls e tomassem providências para interromper a prática, sob risco de pagarem multa de até R$ 50 milhões.