Para chegar ao consumidor, variados tipos de mercadoria dependem de transporte rodoviário no país. Diante disso, aumentar o valor dos combustíveis pode agravar a inflação local. Em meio a este cenário, o preço dos alimentos deve ser impactado primeiro.
A Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), que abrange grandes companhias do setor, criticou o nomo aumento nos preços do diesel promovido pela Petrobras. A entidade alega que o reajuste aconteceu “de forma abrupta e em cenário econômico completamente adverso”. Essa elevação no diesel pode afetar variados setores. Exemplo disso é o segmento de alimentos.
A Abol afirma que seguidos aumentos de preços vêm desiquilibrando a saúde financeira das empresas do segmento. Para estas, o diesel chega a representar aproximadamente 40% dos custos operacionais.
Desde o último ano, as empresas do segmento têm sido afetadas pela forte inflação do diesel. Diante disso, elas vêm procurando repassar os valores aos clientes finais.
“Diferentemente da Petrobras, que é detentora de um monopólio, as empresas de logística não conseguem repassar os aumentos de preço imediatamente, o que pode levar um ou dois meses para acontecer, e a negociação muitas vezes não ocorre na totalidade do aumento”, alega a Abol.
“Com isso, tem-se um efeito cascata de repasses de custos até o consumidor final, que agravará, inevitavelmente, o atual quadro inflacionário do país”, complementa.
Preço dos alimentos deve ficar mais caro após aumento dos combustíveis
Segundo economistas consultados pelo InfoMoney, quando a Petrobras aumenta o valor dos combustíveis, a proposta do governo de reduzir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) também perde força.
O professor de Finanças Corporativas do Ibmec-SP, Paulo Azevedo, destaca que a redução do imposto segue contando para a diminuição do valor nos postos. No entanto, ele declara que o problema é que não existe garantia de que o valor do petróleo, no mercado internacional, se manterá como está.
Com o combustível mais caro, a primeira inflação a aumentar é a da cesta básica. Isso porque diversos alimentos que chegam aos centros de distribuição — especialmente de hortifrutigranjeiro — são produzidos por pequenos e médios produtores e transportados por operadores logísticos de similar porte.
Azevedo explica que uma parcela da inflação de transporte é “jogada para frente”. Apesar disso, com relação aos alimentos, isso acontece “de uma a duas semanas”.