- O Banco Central prevê novo aumento da taxa de juros em agosto;
- O reajuste na Selic visa manter a inflação sob controle;
- A autoridade monetária estima que os juros deverão seguir altos por mais tempo.
Nesta terça-feira (21), o Banco Central comunicou que estima uma acentuada desaceleração da atividade econômica. A autoridade monetária ainda informou que, para controlar a inflação, deverá aumentar mais a taxa de juros, e manter elevada por mais tempo. As informações fazem parte da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, feita na semana passada.
Na última quarta-feira (15), por unanimidade, o Copom decidiu aumentar a taxa de juros de 12,75% para 13,25% ao ano. Com isso, a Selic chegou ao maior nível desde dezembro de 2016, quando tinha alcançado o patamar de 13,75% ao ano. Além disso, esta foi a décima primeira elevação seguida nos juros.
Na semana passada, em comunicado, o Comitê já tinha informado que, para a próxima reunião — que acontecerá no começo de agosto —, “antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude”. Sendo assim, a expectativa é de que a Selic ainda aumente em 0,5 ponto percentual ou 0,25 ponto percentual.
Aumento da taxa de juros visa controlar a inflação
Como forma de manter a inflação sob controle, o principal instrumento utilizado pelo BC é a taxa de juros. Quando a autoridade monetária eleva a Selic, o crédito se torna mais caro, o que desincentiva a produção e consumo. Desse modo, os preços tendem a cair.
Em maio, a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,47%. Em relação ao mês anterior, houve uma desaceleração.
Apesar disso, no acumulado dos últimos 12 meses até maio, a inflação brasileira registrou aumento de 11,73%. Mesmo com a redução no valor da energia elétrica — devido ao encerramento das bandeiras tarifárias —, o indicador segue pressionado pelos preços dos combustíveis.
No acumulado deste ano, os preços ao consumidor aumentaram, em média, 4,78%. O centro da meta da inflação para 2022, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,5% — com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
No entendimento do Copom, a inflação continua alta, com elevação disseminada em diversos componentes, sendo mais persistente que o antecipado.
O colegiado informa que “a inflação de serviços e de bens industriais se mantém alta, e os recentes choques continuam levando a um forte aumento dos componentes ligados a alimentos e combustíveis”.
O Comitê ainda citou que aconteceu uma “deterioração tanto na dinâmica inflacionária de curto prazo quanto em suas projeções mais longas, ainda que o cenário esteja cercado de incerteza e volatilidade acima do usual”.
Copom prevê desaceleração da atividade
Ao observar o cenário futuro, o colegiado observa desaceleração do nível de atividade no Brasil. O Copom considera que a atividade deve desacelerar nos próximos trimestres — quando se fizerem mais presentes os reflexos defasados da política monetária de aumento dos juros.
A autoridade monetária também prevê desaceleração em escala global. Isso em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia e aumento da inflação. Com isso, outras economias devem subir a taxa de juros.
O Comitê também comentou sobre o futuro das regras para as contas públicas, e o impacto de políticas que estimulem a economia em ano eleitoral. Na perspectiva do colegiado, isso pode oferecer um “risco de alta para o cenário inflacionário para as expectativas de inflação”.
Como forma de ajustar o nível dos juros, o BC usa o sistema de metas de inflação. Atualmente, a autoridade monetária vem aumentando a Selic para cumprir a meta de inflação de 2023. Isso porque os reajustes na taxa de juros levam de seis a 18 meses para causar pleno impacto econômico.
Para o ano que vem, o centro da meta de inflação é de 3,25% — com a mesma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O Banco Central estima que os juros precisarão ser maiores do que previsto anteriormente pelo mercado. Para o cumprimento de meta de inflação de 2024, com teto de 4,75%, o colegiado estima que a taxa básica de juros precisará seguir alta por mais tempo.