CPI da Petrobras: acompanhe o posicionamento dos políticos sobre o processo e quais os seus possíveis impactos

Pontos-chave
  • CPI da Petrobras deve investigar a política de preço dos combustíveis;
  • Já foram alcançadas 119 assinaturas favoráveis a abertura do processo;
  • Há políticos demonstrando apoio e repúdio à medida.

Após acusar a Petrobras de traição, após reajuste no valor dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitou a abertura de uma CPI. O objetivo é investigar o corpo de administradores da estatal, do presidente aos membros do conselho. Agora, os políticos estão se posicionando sobre a CPI da Petrobras.

O pedido pela investigação foi protocolado pelo Partido Liberal, e recebeu o apoio do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Até o momento já foram 119 assinaturas favoráveis a abertura da CPI da Petrobras, são necessárias 171 assinaturas.

A CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito, é uma investigação conduzida pelo Poder Legislativo. O objetivo é ouvir depoimentos e agir de forma que possa fiscalizar o ato ou a instituição que está sendo acusada.

A comissão foi aberta após Bolsonaro dizer que o reajuste de preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras foi “uma traição para com o povo brasileiro”.

Como é definido o valor dos combustíveis

Hoje, a Petrobras não é a única responsável pelo refino no Brasil. Mas, é a principal fornecedora de combustíveis, por isso a adoção de preços da estatal tem reflexo tão forte em todo país.

Desde 2016 foi adotada pela Petrobras a política de paridade de preços internacionais (PPI), a ideia é parear o valor da gasolina com o valor internacional.

Por isso, para definir o valor do produto é considerado o preço do barril de petróleo no mundo e a oscilação do câmbio.

No final, quando chega as bombas, o produto ainda recebe a aplicação de impostos (ICMS, PIS/Pasep e Cofins, e Cide) e considera o que é cobrado pela transportadora, além da margem de lucro dos postos.

A direção da Petrobras e seus conselheiros têm o poder de definir como o produto será calculado. Hoje, dentro do conselho que possuí 11 membros existem 6 nomes que foram indicados pelo presidente Jair Bolsonaro. 

Início da CPI da Petrobras

A pressão para abertura da CPI da Petrobras veio de Bolsonaro e seus aliados. Tanto que após anunciar um novo reajuste para a gasolina e o diesel, o ex-presidente da estatal José Mauro Coelho, pediu demissão do cargo.

Ainda assim, alguns deputados não acreditam que a CPI traga efeitos imediatos. Isso porque, o tempo é curto, já que haverá recesso na Câmara dos Deputados por conta das eleições.

Além disso, existe a possibilidade da investigação ser captura pelos opositores do governo Bolsonaro. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, criticou a abertura do processo. “Não tem a mínima razoabilidade“, afirmou.

Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados e apoiador de Bolsonaro, disse que o governo prefere levar a diante a CPI da Petrobras do que permitir intervenções na política de preço dos combustíveis.

De acordo com o requerimento que solicita a investigação, o objetivo é de descobrir “supostas irregularidades no processo de definição de preços dos combustíveis e outros derivados de petróleo no mercado interno”.

Repercussão no cenário político

A ideia de abrir a CPI da Petrobras não repercutiu apenas dentro do cenário político dos parlamentares ativos. O ex-presidente Lula (PT), por exemplo, também deu sua opinião sobre o assunto em seu Twitter.

Na ocasião, o candidato à presidência do país nas eleições 2022 chegou a dizer que o Brasil não tem uma “governança normal“. E chamou a criação da CPI de “absurdo“.

Gleisi Hoffmann, presidente do PT, também demonstrou sua opinião em desagrado ao ato de investigar a política de preços adotada pela estatal. Além de acusar o atual governo de irresponsável.

A CPI da Petrobras é mais uma tentativa de desviar a atenção de quem é o verdadeiro responsável pelos preços extorsivos dos combustíveis, o governo Bolsonaro”. “Querem criminalizar a empresa para privatizar! Irresponsáveis“, afirmou Gleisi.

Ainda no grupo dos que reprovaram a ideia, está o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Em seu pronunciamento sobre o assunto disse: “O governo da morte, da milícia, da miséria, da mamata e da mentira monta o teatrinho de CPI. Enquanto faz fumaça, os preços do gás, do diesel e da gasolina seguem aumentando. Cadê a [caneta] bic do presidente, o Centrão levou?”.

Em contra partida, o vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente, Carlos Bolsonaro (PL-RJ) mostrou apoio a medida. E chegou a dizer que quando foi criada a CPI da Covid houve apoio, mas agora os parlamentares são contra a CPI da Petrobras.

O também filho do presidente Jair Bolsonaro, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aprova a CPI e ainda criticou quem rejeitou a medida.

Eu estou vendo vários deputados do PT dizerem que o presidente é culpado pela alta dos combustíveis. E que poderia fazer assim ou assado. Mas eles não têm moral porque foram eles que assaltaram a empresa. Petista falando da Petrobras é piada”, afirmou.

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Lila Cunha
Autora é jornalista e atua na profissão desde 2013. Apaixonada pela área de comunicação e do universo audiovisual. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: [email protected]