Inflação vira motivo de desânimo na campanha de Bolsonaro; entenda os impactos

Pontos-chave
  • Equipe do presidente está desmotivada
  • Inflação alta é atribuída a Bolsonaro por grande parte da população
  • Campanha de reeleição gera conflitos

O sentimento da população de que Bolsonaro é o grande culpado pela alta nos preços do país e ainda a decisão da primeira dama, Michelle, de não fazer parte de gravações da campanha, estão abatendo a equipe do atual presidente que tenha se reeleger. Estes acontecimentos foram apurados por Thaís Oyama, em O Radar das Eleições, colunista do portal UOL.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto PoderData, divulgada na segunda, 13, pelo portal Poder360, revelou que 42% da população do país atribui a Bolsonaro a culpa pela inflação. Já outros 18% colocam a culpa nos governadores dos estados. As taxas não variaram desde o último levantamento.

“Isso, para a equipe de campanha, pode ser letal para o candidato Bolsonaro. A cristalização dessa percepção significa que não está funcionando aquela retórica dele, dinâmica do discurso, de sempre atribuir a um terceiro as culpas pelas mazelas que o país está passando”, disse Thaís ao UOL.

“As pessoas começam a achar: ‘escuta, esse cara é o presidente da República, não pode ficar dizendo que inflação é culpa da Ucrânia, governadores e pandemia. ‘Tem que resolver'”, acrescentou.

Em maio, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) , considerada a inflação oficial do Brasil, fechou em 0,47%, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi registrada uma desaceleração em comparação com o mês anterior, quando o índice ficou em 1,06%.

Conflitos 

Michelle Bolsonaro, a primeira-dama, teria desistido de fazer parte de novas gravações de campanha para as eleições por conta dos conflitos envolvendo os irmãos Carlos e Flávio Bolsonaro, segundo a apuração de Thaís. Ambos vem disputando o comando da comunicação.

“Eles (participantes da equipe do presidente) estavam contando muito com ela para alavancar os votos feminino e evangélico. A primeira-dama faltou a duas gravações, na terceira disse que não iria participar. Ninguém sabe o real motivo, mas dizem que foi uma decisão do casal. As suspeitas giram em torno dessa briga entre os irmãos”, disse ela.

Carlos Bolsonaro teceu críticas as propagandas veiculadas na TV e isto deixou claro as divergências com o irmão Flávio Bolsonaro na condução da comunicação da campanha.

Na última semana, Carlos ironizou em seu perfil no Twitter a campanha de TV do PL. Na propaganda, Bolsonaro aparece cercado de jovens em uma conversa descontraída em que defende os valores da família. Logo depois ele fala o bordão: “Sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração, seremos uma grande nação”. “Vou continuar fazendo o meu aqui e dane-se esse papo de profissionais do marketing?. Meu Deus!”,disse Calos.

Na avaliação da jornalista, o único ponto que a equipe do presidente pode comemorar foi a aprovação do teto de 17% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pelo Senado. A expectativa é que isto reduza o preço dos combustíveis na bomba.

Presidente reclama do preço dos supermercados

Durante a participação de Bolsonaro no Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, que foi promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), ele afirmou que juntamente com o ministro da Economia, Paulo Guedes, vinha dialogando recentemente com os donos de supermercados na tentativa de segurar a alta nos preços dos produtos. 

O presidente afirmou em uma entrevista concedida ao SBT, que já vem fazendo pedidos para as lideranças dos supermercados.

“Conversei com lideranças dos supermercados do Brasil e pedi para eles. Óleo de soja, está R$ 13 o litro, não tem cabimento isso daí… Tenho falado com o pessoal, vamos colaborar todos neste momento de crise, difícil, porque o Brasil pode tomar o rumo que ninguém quer, o rumo da Venezuela, o rumo que está tomando a Argentina”, afirmou Bolsonaro no começo da semana.

Durante a abertura do Fórum, João Galassi, presidente da Abras, disse que a queda nos preços será propiciada pela reforma tributária e solicitou dedicação do governo neste tema.

Na presença do ministro da Economia, Galassi lançou o “desafio”: Nova Tabela só em 2023”. O objetivo é que os preços dos produtos da indústria para o varejo e do varejo para os consumidores não cresçam até o ano que vem.

Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.