Uma das questões mais defendidas pelo ministro Paulo Guedes é a privatização da Eletrobras, que até pode trazer resultados bons para a empresa, capazes de retomar os investimentos a longo prazo. No entanto, a privatização não deve reduzir o preço das contas de luz, dizem especialistas procurados pelo UOL.
Esta visão dos especialistas contrasta com as projeções do Ministério de Minas e Energia, que prevê que as contas ficarão mais baratas ainda em 2022.
A venda da Eletrobras foi aprovada pelo Congresso Nacional no mês de junho do ano passado. Em 18 de maio, o processo foi aprovado pelo plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) por 7 votos a favor e 1 contra. O voto contra veio de Vital do Rêgo, que ainda no mês anterior tinha demonstrado preocupação com um possível aumento nas contas de luz decorrentes da privatização.
Este receio de Vital do Rêgo é parecido com o do professor associado do IEE-USP (Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo), Celio Bermann. “O argumento mais fácil para poder, digamos, atingir os incautos é justamente dizer que vai baixar a tarifa de energia elétrica. É uma retórica que aparece sempre. Mas, desculpe-me quem acredita na fantasia de que as tarifas serão reduzidas. Isso é desprovido de qualquer base. As tarifas vão ficar mais caras, e o serviço prestado vai ser mais precário”, afirmou o professor ao UOL.
“Isso não tem qualquer lógica. O que levaria à redução das contas? A Eletrobras nem define as tarifas de energia. Quem cobra a energia elétrica da população são as empresas de distribuição locais, e a maioria já são privadas”, disse também o professor Ewaldo Mehl, do Departamento de Engenharia Elétrica da UFPR (Universidade Federal do Paraná) ao UOL.
Redução da conta não é objetivo
De acordo com Edmar Almeida, do Instituto de Energia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) Rio, a privatização da Eletrobras não tem como objetivo a redução das contas de luz, mesmo que esta seja a previsão do Ministério de Minas e Energia.
Em sua visão, a finalidade da operação é possibilitar que a empresa retome os investimentos no setor elétrico, nos entanto, os custos repassados aos consumidores ainda dependem do mercado.