Atualmente, a defasagem do preço da gasolina chega a 19%. Ou seja, o valor do combustível vendido pela Petrobras às distribuidoras está abaixo das cotações do mercado internacional. Os cálculos foram realizados pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Há três meses, a Petrobras não promove reajuste nos preços da gasolina. Desde o dia 11 de março, o combustível está sendo vendido, em média, por R$ 3,86 o litro nas refinarias.
Diante deste cenário, a Associação calcula que, caso a Petrobras queira alinhar os valores em comparação aos praticados no Golfo do México, referência para a importação, precisaria elevar o combustível em R$ 0,89 o litro.
No caso do diesel, a Abicom estima que o diesel possui uma defasagem de 15%. Com relação a desse combustível, também há a necessidade de uma alta de R$ 0,89 o litro.
O último reajuste do diesel aconteceu há um mês, em 10 de maio. Na ocasião, a Petrobras reajustou o litro do diesel vendido nas refinarias para R$ 4,91.
Na Bahia, onde funciona a Refinaria de Mataripe — primeira refinaria de grande porte privatizada do Brasil —, há menor defasagem: 9% na gasolina e 8% no diesel.
Petroleiras alertam para riscos de defasagem no preço da gasolina
Os representantes da indústria de petróleo vêm defendido a prática de valores alinhados ao mercado internacional.
Segundo o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e do Gás (IBP), Eberaldo Almeida Neto, as cotações da gasolina e do diesel possuem defasagem em comparação ao exterior. As falas foram ditas a jornalistas na última sexta-feira (10), segundo apurado pelo Valor.
O executivo alega que a Petrobras vem procurando seguir os preços internacionais. No entanto, esses dois combustíveis são comercializados no Brasil com uma diferença em relação ao mercado externo. Ele declara que “se isso perdurar, pode começar a distorcer o mercado”.
Almeida Neto defende que a prática de valores descolados aos do mercado prejudica a importação — necessária para assegurar o suprimento de todo o mercado local.
Neste cenário, o executivo alega que existe risco de problemas no abastecimento, com pontuais faltas de combustíveis — situação que tende a se agravar no segundo semestre.