- Ano de eleições tende a trazer mais volatilidade à bolsa de valores;
- Especialistas divergem sobre a viabilidade de investir em estatais;
- A expectativa de privatização tende a trazer esperança ao mercado.
Neste ano, a bolsa de valores vem passando por grande volatilidade. Um dos fatores que causa essa oscilação é a proximidade da eleição presidencial. Diante deste cenário, muitos investidores se perguntam se investir em ações de estatais é uma boa em ano de eleições.
Com a chegadas das eleições, á um aumento nas incertezas dos investidores. Isso acontece por conta da indefinição de quem ganhará — além da visão distinta entre os concorrentes. Atualmente, os dois candidatos que se destacam nas pesquisas são o Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.
No entendimento dos entrevistados do episódio 147 do Stock Pickers, Rodrigo Fonseca, sócio-fundador e CIO da Frontier Capital, e Marcello Silva, sócio-fundador da Aster Capital, de modo geral, o atual momento é bom para entrar na bolsa de valores.
No entanto, os especialistas afirmam que o movimento dos investidores vem sendo no sentido oposto.
Segundo Fonseca, “é comum que bons momentos para investir não sejam os melhores para captar”. Ele destaca que em situações como a atual é que surgem boas oportunidades.
Mesmo diante deste panorama positivo, os especialistas reforçam que existem riscos com as eleições. Isso tanto do cenário nacional quanto internacional. Apesar disso, a bolsa brasileira está barata, e os investidores que escolherem boas ações podem obter um bom retorno.
Silva alega que este é um cenário de transição bastante importante, e não se sabe onde ele para. Contudo, há uma oportunidade de criar um portfólio com retorno de 25% ao ano com companhias de boa qualidade, segundo o especialista.
Investir em ações de estatais é uma boa em ano de eleições?
Mesmo ao considerar que o atual cenário é positivo para aplicar na bolsa de valores, os especialistas divergem sobre a aquisição de companhias estatais.
O sócio-fundador da Frontier afirma que a asset, em seu portfólio, tem a Petrobras e Banco do Brasil. De acordo com ele, os dois ativos estão bastante descontados. Estas empresas estão mais protegidas de interferência política, em relação à antigamente.
O grande destaque de Fonseca são os papéis da petrolífera. Além dessas ações terem exposição a commodity, existe um grande potencial na hipótese de privatização. Isto pode acontecer ser houver reeleição de Bolsonaro.
Já na Aster Capital, Silva comenta que a asset não tende a comprar estatais. Isso porque, ao observar no panorama de longo prazo, elas não costumam valer a pena.
Mesmo que a asset não desconsidere as estatais, é mais difícil de acreditar nelas, segundo Silva. “Só quando estamos diante de uma transformação, como é o caso da Eletrobras, a gente se aproxima e até podemos fazer algo mais se andar na direção que esperamos”.
Estatais apresentaram melhores desempenhos que o Ibovespa em anos eleitorais
Segundo levantamento realizado pela Teva Indices, enviado com exclusividade ao E-Investidor, as estatais registram melhores desempenhos em anos eleitorais em relação ao Ibovespa, principal índice da B3.
Em 2018, quando aconteceu as últimas eleições presidenciais, o índice que representa as companhias públicas teve um retorno no acumulado anual de 40,7%. Já o Ibovespa, no mesmo período, teve um aumento de 15%.
O volume de negociações de estatais também tende a ser maior do que o principal índice da bolsa de valores brasileira. Isso conforme outro levantamento, realizado pela Economatica a pedido do E-Investidor.
Conforme os dados, dos últimos cinco anos eleitorais, as estatais registraram um volume de negociação mais considerável do que o Ibovespa em três deles.
Nesta pesquisa, somente foram consideradas as companhias estatais presentes no mercado à vista — que representa o principal ambiente de negociação da B3, e cujas operações são feitas conforme a oferta e demanda no momento do pregão.
Existe um argumento para explicar essa diferença. Ao Estadão, o head da mesa private de ações e sócio da BRA, Alexandre Achui, a performance acontece devido a esperança do mercado financeiro, de que as empresas possam ser privatizadas com um novo governo.
Segundo ele, a expectativa acontece porque essas companhias tendem a ser menos eficientes em termos de geração de valor aos acionistas, e também costumam sofrer intervenções do governo.
De qualquer forma, cabe destacar que os cenários de períodos anteriores, não é possível afirmar se as estatais desempenharão melhor nas próximas eleições, segundo Braulio Langer, da Toro, em entrevista ao Estadão.