Uma das principais promessas de campanha do presidente Jair Bolsonaro, a correção da tabela do Imposto de Renda pode finalmente se concretizar, mas apenas em 2023. Em entrevista concedida à CNN Brasil no último sábado (16), durante passagem por Guarujá, no litoral paulista, Bolsonaro falou que o seu ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende anunciar em breve um reajuste nas alíquotas do IR.
“Conversei agora há pouco com o Paulo Guedes. Ele quer sim. Estamos perseguindo desde o começo a questão do Imposto de Renda, a tabela que não é reajustada. Ele pretende anunciar para o ano que vem já um percentual bastante elevado de desconto de imposto de renda, passando de R$ 2 mil para perto de R$ 3 mil o desconto. Ele acha que não precisa buscar uma fonte alternativa para cobrir isso aí, como fizemos a questão do IPI“, comentou o presidente.
A correção da tabela do IR viria após o ministro da Economia se convencer de que uma reforma tributária mais ampla, incluindo, por exemplo, taxação de dividendos, dificilmente será aprovada neste ano. Desde que propôs a reforma ao Congresso, ainda em 2019, o governo vem enfrentando muita dificuldade na tramitação, mesmo após fatiar a proposta em vários projetos. A parte que trata do IR segue parada no Senado desde setembro de 2021.
Guedes também quer aproveitar o excesso de arrecadação no ano passado para diminuir impostos, a exemplo da redução de 25% do IPI, citada por Bolsonaro. Durante participação em um fórum para investidores no dia 8 de abril, o ministro já havia sinalizado a intenção de ajustar as alíquotas do IR para pessoa física, mas disse ter dúvidas se a medida poderia ser implementada este ano ou em 2023.
“Conversamos se corrigimos a tabela do IR agora ou deixamos para primeira ação de novo governo. Não queremos usar toda a alta de arrecadação de uma vez. Vamos devolver apenas parte para não corrermos riscos fiscais”, declarou Guedes.
Uma reforma tributária que diminua a carga de impostos para quem está na parte de baixo da pirâmide tem bastante apelo eleitoral. A fala de Bolsonaro vem poucos dias após o ex-presidente Lula defender a mesma medida em evento de “apresentação” de Geraldo Alckimin (já escolhido como vice na chapa para concorrer ao Planalto em outubro) a sindicalistas.
“Vamos ter que fazer uma reforma tributária que leve em conta que quem ganha mais tem que pagar mais. Uma reforma que não permite que a pessoa que viva com seu salário de 3, 4 mil reais, ao comprar um produto, pague o mesmo que paga o presidente de um banco”, disse Lula.