O maior exportador de trigo do mundo, também é o país que decidiu iniciar uma guerra contra a Ucrânia sem previsão para acabar. Os efeitos não atingem apenas a Rússia e a Ucrânia, os pilares deste conflito, como todo os outros países cujo algum ponto da economia depende deles. É o caso do Brasil, que provavelmente precisará aumentar o preço do quilo do pão francês em breve.
Embora o Brasil seja um país agro rico em plantações, o trigo, especificamente, vem de fora. Uma parte deste insumo é proveniente da Rússia, que concentra 28% deste comércio a nível global. Enquanto isso, o Brasil como um dos países importadores de trigo em, aproximadamente, seis a sete toneladas por ano, o equivalente a 50% do consumo, terá a oferta de derivados afetada, como o quilo do pão francês.
Na prática, o resultado será a presença cada vez mais limitada do tão tradicional pão francês no café das famílias brasileiras. A previsão da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos (Abimapi) é para que o aumento no quilo do pão francês seja oficializado nos próximos dias. A estimativa é para que o quilo do alimento chegue a R$ 20 em determinadas cidades.
O encarecimento deve acontecer a partir do momento em que as indústrias começarem a comprar as novas safras de trigo, matéria-prima do pão francês. A tendência é que a disparada na cotação do trigo comece a ser sentida pelos fabricantes através de negociações junto aos fornecedores. Contudo, ainda existe uma entrega de farinha já associada a contratos antigos, ou seja, não pode ter o valor alterado agora.
Em entrevista à CNN Brasil, o economista e professor do Ibmec, Gilberto Braga, notou que os consumidores brasileiros já sofrem os efeitos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia no que compete aos preços de itens relacionados ao trigo. Tendo em vista que este conflito não tem previsão para acabar, é possível que os preços das commodities sejam elevados ao extremo.
Ele reforçou que a alta do trigo e, por consequência, do quilo do pão francês ainda não compõe pesquisas oficiais, embora o consumidor já possa notar o aumento na margem de 20% a 25% nas padarias e supermercados. O encarecimento indireto é o resultado mais nítido de que o insumo já passou por reajustes na formulação do produto.
“A continuidade da guerra poderá decretar ainda um período de novos aumentos, mas é bastante provável que esse patamar mais caro continue, pelo menos até que se tenha uma previsão de quando o conflito da Ucrânia poderá terminar”, declarou.
Na oportunidade, o economista ainda avaliou que o quilo do pão francês em padarias do Rio de Janeiro já possui valores bastante variáveis. Antes da crise a cobrança do alimento ficava entre R$ 9 e R$ 12, agora, o quilo já tem sido vendido entre R$ 15 e R$ 20.