As mulheres do século 21 têm mais uma luta além das já travadas ao longo da história por direitos iguais, liberdade entre outras questões. Dados da Universidade da Geórgia apontam que as síndromes do impostor e burnout são cerca de 70% incidentes em mulheres.
Além das lutas já conhecidas, as mulheres do século 21 também estão travando outra, a maior incidência de duas síndromes, a do impostor e burnout.
Segundo a Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos e de levantamento da rede social corporativa LinkedIn, cerca de 70% das executivas se consideram uma fraude, o que caracteriza a síndrome do impostor (SI).
Ainda, 74% das pessoas do sexo feminino se sentem estressadas por motivos ligados ao trabalho, em comparação com apenas 61% dos empregados do sexo masculino, sinais da síndrome de burnout (SB).
E a situação ainda pode piorar, pois, elas podem acontecer ao mesmo tempo.
Mulheres e incidência de síndromes
Segundo a psicóloga e responsável técnica da Psicologia Viva, Luciene Bandeira, uma síndrome pode desencadear a outra.
Por exemplo, quanto mais um indivíduo tem sintomas de SI, mais propenso ele está ao desencadeamento de esgotamento emocional em relação ao seu trabalho, sintoma do burnout.
“Assim, a mulher trabalha arduamente, demonstrando interesse e empenhando esforços acima do esperado na tentativa de esconder seu sentimento de falta de capacidade”, destaca a psicóloga.
Luciene Bandeira explica que o estado de constante dúvida sobre si mesma e as autossabotagens são extremamente desgastantes.
E, se associadas a ambientes de trabalho em que existam crescentes pressões por produtividade e cargas exacerbadas, favorecem o surgimento de burnout.
“Os RHs das empresas devem estar atentos ao ambiente organizacional e aos aspectos da cultura e do clima. Fomentar o respeito e a valorização da diversidade de gênero, promover equilíbrio e igualdade é um bom começo”, acrescenta Bandeira.
Mães X Burnout
Uma análise da consultoria Great Place to Work aponta ainda para outro dado preocupante.
As mulheres mães, no exercício de funções remuneradas, têm 23% mais chances de sofrer de burnout do que pais na mesma condição.
“Esse dado não é coincidência. Há um desequilíbrio claro instalado na sociedade. As mulheres, principalmente as que vivenciam a maternidade, ainda administram diariamente uma lista mais complexa de responsabilidades que os homens, uma combinação clássica de tarefas domésticas não remuneradas associadas ao trabalho profissional pago. Se faltar em aspectos dos cuidados do lar, a mulher é apontada como ruim. Se não der conta de algo do trabalho, é julgada como má profissional. Há muita pressão e cobranças. Agora, se dar conta de tudo isso já é superdesgastante e desafiador, imagina ter que lidar com o mesmo cenário, mas tendo uma síndrome do impostor?A autocobrança se torna uma opressora implacável, que drena toda a energia e vivacidade e, ao final, a mulher adoece”, explica a psicóloga.
Para a psicóloga, acompanhamento com profissionais é umas das possíveis soluções para lidar com as duas síndromes.
“Não há outra forma de lidar com tudo isso se não for por meio do autoconhecimento, do autocontrole, da inteligência emocional e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento para fortalecer a resiliência, também conhecidas como coping”, pontua.
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