A defasagem entre os valores cobrados pela Petrobras e os das principais bolsas de negociação mundial chegou a 27%, para o óleo diesel, e 24%, para a gasolina. O cálculo foi realizado pelo consultor em Gerenciamento de Risco da consultoria Stonex, Pedro Shinzato, ao Estadão.
Para evitar que o aumento do petróleo dissolva o caixa, a Petrobras tem utilizado os estoques adquiridos há aproximadamente dois meses — a valores menores. Contudo, existe o risco de que a reserva acabe. Com isso, poderia haver impacto no abastecimento interno.
Nesta quarta-feira (2) a direção da estatal se reuniu para acompanhar as variações do petróleo, e estabelecer o passo seguinte. Vale destacar que, nesse mesmo dia, o valor do barril do petróleo chegou à cotação de US$ 112,9.
Caso a Petrobras repasse totalmente o aumento do petróleo para os clientes, o valor do litro da gasolina poderia elevar de R$ 6,56 para R$ 7,15. Já o óleo diesel poderia subir de R$ 5,65 para R$ 6,64.
Ou seja, o aumento nos postos seriam, respectivamente de 9% e 17%, segundo cálculos de Shinzato. Ele desconsiderou possíveis alterações em outros componentes do valor de consumidor — como os impostos.
Petrobras tem demorado para fazer reajustes no preço da gasolina
Para evitar prejuízos, a política atual de preços da Petrobras procura seguir o Preço de Paridade Internacional (PPI) — que representa o custo do produto importado trazido ao Brasil. O PPI considera indicadores como o dólar e o preço do barril do petróleo.
Apesar disso, a estatal vem demorando para fazer reajustes. A companhia alega que evita repassar volatilidades internas ao mercado interno.
À Reuters, o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araújo, declara que, nos últimos meses, a Petrobras tem aplicado valores muito abaixo da paridade.
No entanto, por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, o executivo alega que as defasagens atingiram níveis não observados há muito tempo. Ele declara que este patamar de defasagem aconteceu apenas no período de 2011 a 2013. Na ocasião, a estatal registrou grandes prejuízos.
O último reajuste da Petrobras, nos valores da gasolina e diesel para as distribuidoras, aconteceu em 12 de janeiro.
Ao Estadão, o especialista em petróleo e professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Luciano Losekann, como o reajuste ocorreu há um mês, deve ocorrer um reajuste nos próximos dias.
Apesar disso, ele acredita que a estatal, num primeiro momento, não repassará integralmente a alta.