100 anos da Semana de 22: descubra o valor milionário das obras modernistas

Pontos-chave
  • Semana de Arte Moderna partiu do princípio Europeu sendo transformado na realidade brasileira;
  • Semana de 22 teve o objetivo de adequar o modernismo à realidade cultural do Brasil;
  • Evento original foi estimulado pela presença de pilares do setor agro e jovens da classe alta.

Há 100 anos surgia o que hoje se consolidou como um dos momentos mais marcantes na história da cultura do Brasil. Trata-se da Semana de Arte Moderna ou Semana de 22, como também é conhecida.

Tudo começou através de uma parceria entre a pintora Anita Malfatti e os escritores Oswald de Andrade e Mário de Andrade, que juntos idealizaram este evento tão importante na trajetória cultural do país. A Semana de 22 foi originalmente realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 2022, no Theatro Municipal de São Paulo.

Na época os envolvidos ainda não imaginavam tamanho impacto do evento que se tornaria um marco para a era modernista no Brasil. Durante três dias o teatro paulista recebeu a presença de artistas e intelectuais que se reuniram para expor e debater este movimento inspirado na tradição europeia.

O propósito era único, romper os padrões estéticos e tradicionais implantados na sociedade através do Renascimento. O evento também tinha por objetivo adequar o modernismo à realidade cultural brasileira.

Opinião dos especialistas

Para o professor de artes cênicas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, Ferdinando Martins, a Semana de 22 teve o poder de reunir personagens distintos, desde empresários agrícolas à jovens da classe alta, tudo na tentativa de alinhar a realidade do Brasil à da Europa.

“A ideia do Manifesto Antropofágico era justamente isso: como a gente mistura o que tem aqui [no Brasil] com o que vem de lá [Europa]”, afirmou o professor.

Contudo, Martins aponta que os ideais do modernismo chegaram bem antes no Brasil. Exemplo disso são as ideias do escritor Oswald de Andrade em 1912, logo após viajar para a Europa e conhecer as denominadas “vanguardas europeias”.

Pelas vanguardas ele se referia ao expressionismo, fauvismo, cubismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo, que já faziam menção à ruptura da arte tradicional. Já o pintor e mestre em artes visuais do Instituto de Artes da Universidade de Brasília, Taigo Meireles, não é fácil simplificar o significado da Semana de 22 no Brasil.

Em entrevista ao Poder360, Meireles disse que “as pessoas que tinham contato com a Europa puderam trazer ao meio artístico essas ideias: a vivacidade, a liberdade expressiva, as maneiras de expressão que não se encontravam na produção tradicional acadêmica”.

Valores das obras modernistas da Semana de 22

Uma das principais artes que marcaram a Semana de 22 foi a pintura feita por Tarsila do Amaral, chamada de “A Caipirinha”. Em 2020 esta arte bateu o recorde de preço de obra de arte vendida no Brasil, após ser arrematada em um leilão pela quantia de R$ 57,5 milhões.

Mas vale mencionar que este não foi o primeiro recorde batido pela artista. O “Abaporu”, hoje presente no acervo do Museu de Arte Latina de Buenos Aires, pertence a uma coleção privada, motivo pelo qual ainda não possui um valor específico estimado.

No entanto, é possível ter uma breve noção com base no seguro pago pela pintura quando ela foi transportada para uma exposição em New York no ano de 2018. Na época foi pago um seguro de R$ 45 milhões, tornando o quadro mais caro de toda a história da arte brasileira.

A pioneira da Semana de 22 não fica para trás nas avaliações, pois uma de suas obras, que retrata o escritor Oswald de Andrade, nas duas últimas décadas ultrapassou a casa dos milhões. O mesmo cenário atinge Di Cavalcanti, que no ano de 2019 teve a arte “Bumba Meu Boi” avaliada em R$ 20 milhões durante a feira SP-Arte.

Enquanto isso, a escultura denominada de Vestal Reclinada com Pássaro, feita por Victor Brecheret no final da década de 1930, foi leiloada a R$ 2,7 milhões em 2016. Esta arte ultrapassou a margem de 200% do lance inicial. Mesmo para quem não é perito em arte, os montantes retratam a relevância das obras produzidas pelos principais artistas modernistas que fizeram história no Brasil.

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Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.