O Banco Central iniciou desde março do ano passado, uma série de aumentos sucessivos na Taxa Selic. Neste período, os juros saltaram de 2% ao ano, o patamar mais baixo da história, para 10,75% decidido na semana passada. Como a Selic é a taxa básica de juros da economia, quando ela sobe, os juros dos empréstimos também tendem a crescer.
De acordo com um levantamento feito pelo Valor Data, foi exatamente isso que aconteceu nas mais importantes linhas de crédito pessoal. Porém, o lado bom é que grande parte delas subiu menos que a Selic.
De março de 2021 até agora, a Selic ficou 8,75 pontos percentuais mais alta. Neste mesmo intervalo, quatro das oito linhas de crédito consultadas pelo portal Valor Investe subiram menos do que a Selic, duas subiram mais do que a taxa e, de maneira surpreendente, duas das linhas ficaram mais baratas nesse mesmo intervalo de tempo.
Falando sobre as taxas médias do cheque especial e do cartão de crédito parcelado, elas subiram mais do que a Taxa Selic, no período. As taxas médias das linhas do consignado do setor privado, consignado do setor público, consignado do INSS e aquisição de veículos, por sua vez, cresceram menos do que Selic.
Já as linhas de crédito para aquisição de outros bens e crédito pessoal não consignado ficaram mais em conta entre o mês de março do ano passado até agora.
Taxa média de juros dos empréstimos
Linhas de crédito | Agosto de 2020 (Selic a 2%) | Março de 2021 (Selic sai de 2% para 2,75%) | Janeiro de 2022 (Selic a 10,75%) | Variação de janeiro 2022 (10,75%) ante março de 2021 (2%) |
Cheque especial | 129,29% | 136,32% | 139,51% | 10,22 |
Aquisição outros bens | 52,87% | 35,91% | 33,08% | -19,79 |
Crédito pessoal não consignado | 72,73% | 67,07% | 68,42% | -4,31 |
Consignado setor privado | 28,63% | 29,23% | 34,96% | 6,33 |
Consignado setor público | 18,16% | 17,60% | 20,56% | 2,40 |
Consignado INSS | 20,70% | 21,56% | 25,78% | 5,08 |
Aquisição de veículos | 17,46% | 18,16% | 25,19% | 7,73 |
Cartão de crédito parcelado | 124,71% | 131,10% | 158,61% | 33,90 |
Juros subindo
Este aumento nas taxas não é surpresa. Isso acontece pois a Selic é um dos fatores utilizados por um banco ou instituição financeira para determinar a taxa de empréstimo, explica o professor Chaia, do Insper.
“A definição da taxa de crédito é igual para um liquidificador, automóvel etc. O que entra na conta? O preço dos insumos básicos usados para produzir aquele bem, o custo de produção, quanto quem está ofertando quer ganhar e, por fim, o custo dos impostos. E é assim que se chega na taxa do crédito. O custo do dinheiro, que é o ‘insumo’ do empréstimo, é a Selic. O banco também leva em conta os custos operacionais que ele tem, como funcionários, luz, sistema, etc”, explicou o professor.