- O Banco Central tem aumentado a Selic para controlar a inflação;
- Os empréstimos e financiamentos se tornam mais caros com a Selic alta;
- Alguns investimentos mais conservadores são favorecidos por este cenário.
Após quatro anos e meio, a taxa Selic deve voltar a ter dois dígitos, acima de 10% ao ano. Nesta terça-feira (1º), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começa a primeira reunião para estabelecer a taxa básica de juros. Na quarta-feira (2), o Comitê anunciará a decisão.
Por conta da forte inflação nos últimos meses, o mercado financeiro estima que a taxa Selic deve aumentar 1,5 ponto percentual na próxima reunião. Com isso, a taxa básica de juros sairia dos atuais 9,25% para 10,75% ao ano. A previsão faz parte do boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central.
Desde março do ano passado, os juros vêm aumentando. Naquele mês, a taxa Selic saiu da mínima histórica, de 2%, para 2,75% ao ano. Desde então, o Copom estabeleceu sete altas consecutivas.
Para o final de 2022, os economistas estimam que a taxa básica de juros siga elevando. Em março, há a estimativa de que a Selic chegue a 11,75%. Uma nova tendência de queda está projetada para somente o início de 2023 — quando a taxa cairia para 11,25% ao ano.
Selic deve voltar a ter dois dígitos para combater a inflação
A inflação alta tem feito com que o Banco Central eleve a taxa básica de juros. No ano passado, a inflação oficial do país, calculada pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), encerrou em 10,06%. Essa foi a maior taxa anual em seis anos.
Em 2021, a inflação ficou muito acima do teto da meta, que era de 5,25%. Para que a meta fosse cumprida, conforme o sistema vigente, o IPCA poderia variar de 2,5% para 5,25%.
No último ano, a inflação foi, principalmente, puxada pelos transportes. Conforme, o gerente do IPCA, Pedro Kislanov, os combustíveis foram os maiores responsáveis pelo impacto no grupo. No ano, a gasolina teve alta de 47,49%. O etanol — também impactado pela produção de açúcar — subiu 62,23% no período.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esta foi a inflação em 2021 para os 9 grupos pesquisados:
- Transportes: 21,03%
- Habitação: 13,05%
- Artigos de residência: 12,07%
- Vestuário: 10,31%
- Alimentação e bebidas: 7,94%
- Despesas pessoais: 4,73%
- Saúde e cuidados pessoais: 3,70%
- Educação: 2,81%
- Comunicação: 1,38%
Os impactos para o mercado com a Selic alta
A taxa Selic tem sido a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação. Por meio de operações de mercado aberto — compra e venda de títulos públicos federais —, o BC atua diariamente para manter a Selic próxima ao estabelecido na reunião.
Ao aumentar a taxa básica de juros, existe o objetivo de conter a demanda aquecida. Com a Selic em alta, o crédito se torna mais caro, de modo a desincentivar a produção e consumo. Como resultado, há maior controle da inflação, mas ocorre um desestímulo na atividade econômica.
De forma prática, quando acontece um aumento da taxa Selic, estas são as consequências financeiras:
- Os valores dos produtos reduzem ou se estabilizam;
- Os juros de financiamentos e empréstimos aumentam;
- Os títulos de investimentos que usam a Selic, ou a DI como base, se tornam mais lucrativos.
Selic maior afeta os investimentos mais conservadores
De modo geral, quando a taxa de juros está maior, os investidores possem menos apetite ao risco. Com isso, há a tendência de migração para investimentos mais conservadores.
Isso acontece porque a taxa Selic impacta diretamente a rentabilidade de vários produtos que são atrelados a ela. Neste sentido, os grandes favorecidos pela Selic maior são os investimentos de renda fixa — especialmente os da classe de pós-fixados.
Estes são os principais:
- Tesouro Direto: no país, esta é a plataforma mais acessível de negociação de títulos públicos. Dentre os papéis disponíveis, está o Tesouro Selic. Este é um título pós-fixado, com remuneração da própria rentabilidade acumulada pela taxa básica de juros.
- Títulos privados: estes são títulos emitidos por instituições financeiras ou empresas. Diversos destes papéis disponibilizam rentabilidade pós-fixada e atrelada ao CDI (que segue a taxa Selic). Como exemplos, estão os CDBs, CRIs, CRAs, LCIs, LCAs, LFs, debêntures, entre outros.