Os últimos dados sobre emprego no Brasil divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam para uma recuperação dos impactos da pandemia, mas com alguns indicadores preocupantes. O número de desalentados, que são aquelas pessoas que gostariam de estar trabalhando, mas desistiram de procurar emprego, é o menor desde o início de 2020, embora ainda esteja num patamar alto.
A Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio) Contínua mostra que entre setembro e novembro de 2021 4,8 milhões de pessoas desistiram de procurar emprego. É o menor índice desde o início de 2020, quando a pesquisa, que é realizada desde 2012, registrou pela primeira vez mais de 5 milhões de desalentados.
Os dados apontam para uma recuperação considerável em relação ao trimestre anterior, que terminou em agosto: queda de 6,8%. Já a recuperação anual foi ainda maior: 14,4% a menos de desalentados em relação ao último trimestre pesquisado em 2020.
Os brasileiros podem apresentar diversos motivos para desistir de procurar emprego, mas o perfil dos desalentados é bem claro. O índice é maior em municípios menores, estados do nordeste e entre mulheres e negros.
Desemprego cai
Outro dado que aponta uma recuperação da economia é a queda no desemprego. No trimestre encerrado em novembro de 2021, a taxa de desemprego ficou em 11,6%. No trimestre anterior ela estava em 13,1% e no trimestre terminado em novembro de 2020 a taxa estava em 14,4%.
O mercado de trabalho informal foi o maior responsável pela geração de empregos. Das 3,2 milhões de novas vagas no último trimestre avaliado, 43% foram sem carteira assinada. Isso significou um aumento anual de 18,7%.
Outro crescimento significativo foi o de trabalhadores por conta própria. Em relação a 2020, 3,2 milhões pessoas passaram para essa condição, o que significa uma alta de 14,3%.
Rendimento também cai
O dado mais preocupante trazido pela Pnad Contínua é certamente a queda do rendimento médio dos trabalhadores. No trimestre terminado em agosto o rendimento médio ficou em R$ 2.559, mas no trimestre seguinte ele ficou R$ 2.444, alcançando o pior resultado desde 2012, quando a pesquisou começou a ser feita. Em um ano o indicador apresentou queda de 11,4%.
Em nenhum setor da economia houve aumento no rendimento médio. Trimestralmente, a maior redução foi em “Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais”: 7,1%, ou R$ 270 a menos. Já anualmente, os trabalhadores da indústria é que mais sofreram: 15,5%, ou R$ 439 a menos.