- Na última quarta-feira (5), o Cazaquistão enfrentou ataques de manifestantes contra o atual governo do presidente Kassim-Jomar Tokaiev;
- Os manifestantes atacaram prédios públicos e protestaram nas principais cidades contra o aumento no preço do combustível;
- Uma onda de manifestações está acontecendo no Cazaquistão, desde o último domingo (2), resultando em mortos e feridos;
Na última quarta-feira (5), o Cazaquistão enfrentou ataques de manifestantes contra o atual governo do presidente Kassim-Jomar Tokaiev. Os manifestantes atacaram prédios públicos e protestaram nas principais cidades contra o aumento no preço do combustível.
Uma onda de manifestações está acontecendo no Cazaquistão, desde o último domingo (2), resultando em mortos e feridos. A ação realizada pela população tem como revolta o aumento no preço do combustível.
O primeiro ato foi registrado em Mangistau, sendo que na terça-feira (4), as manifestações se alastraram para a maior cidade, Almati, e por todas as áreas do país. O estopim para as ações foi a liberação do governo para aumentar o preço do GLP no início deste ano.
O problema é que boa parte dos condutores havia convertido seus veículos para rodar com esse combustível, devido ao seu custo baixo em comparação com a gasolina e o diesel. Mesmo o governo afirmando que a medida seria revertida, as manifestações continuaram.
Na quarta-feira (5), os manifestantes invadiram a residência oficial do presidente do país, Kassim-Jomar Tokaiev, que foi desocupada. Porém, de acordo com informações apresentadas pelo governo, as ações resultaram em ao menos oito mortos e centenas de feridos.
O governo cazaque caiu, e o presidente aceitou a renúncia do premiê e seu gabinete. Diante disso, o país está em estado de emergência e o presidente anunciou que pediu assistência militar à Organização do Tratado de Segurança Coletiva, liderada pela Rússia.
Iniciada com um protesto contra o aumento no preço do combustível, o movimento saiu do controle. Até o momento não se sabe quais são as lideranças, fazendo com que especulações conspiratórias só façam aumentar.
Além das manifestações nas ruas e a invasão a residência presidencial, o governo também confirmou que o aeroporto de Almati foi tomado, junto com cinco aviões que estavam estacionados.
A capital reportou ao menos 200 presos e 190 feridos. Diante disso, o ataque vão além da revolta pelo aumento no preço do combustível e pode ser vista como uma ameaça para a Rússia.
Putin ajudará o Cazaquistão
O presidente Tokaiev pediu assistência militar à Organização do Tratado de Segurança Coletiva, liderada pela Rússia. O país de Putin já socorreu outras nações em momentos que estavam enfrentando ondas de protestos.
Em 2020 socorreu o Quirguistão e fez o mesmo em relação a Belarus quando estava sobre a liderança da ditadura de Aleksandr Lukachenko. Além disso, mediou o acordo de paz que encerrou a guerra entre Armênia e Azerbaijão. Por fim, enfrentou um governo pró-Ocidente na Moldova.
Todas essas regiões faz parte das fronteiras russas ou de seus adversários. Sendo assim, a ajuda tem como objetivo manter a estabilidade e a influência nesses locais, perdidos com a desintegração soviética de 1991.
Putin espera uma resolução rápida da atual situação do Cazaquistão. Porém, Tokaiev é visto como marionete do ditador Nursultan Nazarbaiev, que comandou o país por quase 30 anos. Nazarbaiev passou o cargo para seu protegido em 2019, após o desgaste com os protestos.
Porém, mesmo sem estar no posto, Nazarbaiev continua como o “pai da nação” e chefe do Conselho de Segurança. Porém, na última quarta-feira (4), o ex-ditador foi substituído mo conselho por Tokaiev. A ação está sendo vista como perda de poderes.
A relação da Rússia e do Cazaquistão
Em 2014, o presidente da Rússia disse que o Cazaquistão só existia por um “presente do povo russo”. O país de Putin tem na região a sua principal base de lançamento de foguetes espaciais, localizada em Baikonur.
A China fez movimentos de expansão rumo ao Cazaquistão desagradando a Rússia. Aproveitando essa ação, Nazarbaiev manteve uma posição de relativa independência e ainda tentou criar uma relação com os Estados Unidos, sendo esse um país rival de ambas as nações.
Os EUA são responsáveis por 30% da extração de petróleo e gás do país. A China lidera 17% e a Rússia apenas 3%. Porém, o fluxo de comércio ainda é maior com os russos, sendo cerca de US$ 19 bilhões, e com os chineses de US$ 21 bilhões.