Os indicadores da economia brasileira não andam muito positivos. Em 2021, a inflação deve ficar bem acima da meta de 3,75% estimada no início do ano. Agora, a previsão é que ela fique em 10,02%, segundo especialistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central.
Esses mesmo especialistas preveem um crescimento de 4,51% para o PIB, recuperando um pouco a queda de 4,1% em 2020 devido à pandemia do coronavírus.
Com dados tão negativos, os trabalhadores estão tendo que arranjar alternativas para se manter financeiramente. Uma dessas alternativas é gastar o dinheiro guardado em poupança para pagar as contas essenciais.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Cemec/Fipe), houve uma queda no saldo das contas poupança que tinham até R$ 5 mil durante 2021.
No geral, o fluxo de dinheiro nas poupanças também foi menor. Enquanto no trimestre finalizado em setembro deste ano o fluxo foi de R$ 44,94 bilhões, no trimestre finalizado em junho de 2020 o fluxo havia sido de 165,91 milhões.
Naquela ocasião, o Brasil bateu recorde de dinheiro na poupança, o que segundo os especialistas se deveu ao auxílio emergencial e ao temor das consequências da pandemia, como desemprego e inflação.
Agora, os indicadores econômicos continuam aquém do esperado, sobretudo a inflação e a geração de empregos, o que obriga as famílias com menor renda a usar as reservas financeiras para gastos essenciais. Apenas as contas de luz tiveram um reajuste médio de 25% até outubro de 2021, segundo o IBGE. E para o próximo ano, a expectativa é que a alta seja ainda maior.
Desigualdade se aprofunda
Segundo os dados do Cemec/Fipe, apenas as famílias com saldo na poupança superior a R$ 50 mil geraram fluxo positivo. Isso reflete o crescimento da desigualdade entre ricos e pobres no Brasil durante a pandemia.
Durante o ano de 2020, segundo o Credit Suisse, banco da Suíça, quase metade da riqueza nacional, 49,6%, foi parar nas mãos dos 1% mais ricos. A concentração de riqueza no Brasil foi a segunda maior entre as nações analisadas pela instituição.
Já a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) de 2020 revelou que os 40% mais pobres da população tiveram uma perda de 30% da sua renda proveniente do trabalho, sem contar com os auxílios financeiros concedidos pelo Estado.