Chuvas aumentam e cresce esperança para reduzir valor da conta de luz

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou dados animadores nesta última semana do ano. Segundo estimativas, em todos os quatro cantos do Brasil os reservatórios de água devem alcançar 50% da sua capacidade. O que aumentou a esperança de diminuição no valor da conta de luz. 

No entanto, embora os volumes de chuva tenham colaborado para o funcionamento das usinas, especialistas não acreditam na diminuição do valor da conta de luz. É o que mostra uma reportagem divulgada pelo G1.

Pelo menos 100 municípios dos estados de Minas Gerais e da Bahia têm sofrido com o aumento na carga de chuvas. São 30 mil desabrigados na Bahia, e contabilizadas 20 mortes. As cidades decretaram calamidade pública. 

Os dados do ONS indicam que subsistemas do Nordeste, Norte, Sul e Sudeste/Centro-Oeste encerraram o ano, respectivamente, com 46,1%, 28,1%, 27,5% e 18,67%, de energia armazenada nas usinas.

Acontece que embora os números sejam animadores para o início de 2022, as dívidas criadas no período de escassez continuarão a ser cobradas. Pelo menos R$ 69 bilhões devem ser pagos pelos consumidores brasileiros em um período de cinco anos. 

Ainda podem ser listados outros quatro pontos que devem encarecer o valor da conta de luz em 2022. E que não podem ser desconsiderados porque mexem com todo o mercado financeiro. Como:

  • O crescimento do preço dos combustíveis;
  • Alta da inflação;
  • Alta no valor do dólar frente ao real;
  • Subsídios a serem pagos pelos consumidores relativos a energia.

Pedido de socorro para 2022

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem buscado medidas para reduzir o valor da conta de luz a partir de 2022. Isso porque, a própria agência já previa um reajuste de pelo menos 21% nos valores cobrados.

Nesse ano, devido a seca que foi a pior em 91 anos, a Aneel aumentou a bandeira tarifária vermelha patamar 2 para um adicional de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos. 

Embora a previsão é de que as usinas hidrelétricas estejam bem abastecidas, e reduzam os custos, a Aneel admite que a conta deixada para trás vai interferir nos valores.

É por isso que a agência tem pensado em formas que podem diminuir os impactos, e não pesar tanto no bolso dos brasileiros.

Em entrevista ao G1, Maurício Tolmasquim, professor do Programa de Planejamento Energético da UFRJ e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética, explica as consequências das dívidas que foram adquiridas esse ano.

“Claro que sobre cada uma dessas dívidas incide juros, e você só está empurrando o problema para mais adiante. Isso deixa um problema para o próximo governo que vier, porque tem uma série de efeitos dessas dívidas. É uma espécie de pedalada elétrica”, afirma.

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com