Sem reajuste, sem acordo: servidores do Banco Central ameaçam debandada

O Orçamento de 2022 foi aprovado com espaço para reajuste salarial dos policiais federais. Após isso, servidores do Banco Central e da Receita Federal ameaçaram o governo de uma possível greve, caso o aumento do salário não abrangesse outras categorias.

O reajuste salarial da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal foi uma estratégia do governo para minimizar as manifestações e críticas da categoria a atual gestão de Bolsonaro. Segundo os profissionais, após a posse do atual presidente houve perda salarial e de direitos.

Diante disso, foi realizada uma articulação política para conseguir espaço no Orçamento de 2022. Para isso, o governo se comprometeu a antecipar a compra das vacinas contra a Covid-19 previstas para 2022 ainda neste ano.

Assim, o dinheiro reservado para essa despesa em 2022 foi realocada para o reajuste salarial dos policiais federais. O relator do Orçamento de 2022, o deputado Hugo Leal, acabou cedendo a pressão do governo e separou R$ 1,7 bilhão para os reajustes salariais dos agentes de segurança no ano que vem.

Porém, essa estratégia desagradou outras categorias de servidores que se viram excluídos e agora também exigem reajustes salariais. Servidores da Receita Federal e do Banco Central alertaram o governo sobre uma reação das duas categorias, caso o presidente não ampliasse o reajuste para outras categorias.

Essa ação já havia sido alertada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Porém, o presidente Jair Bolsonaro ignorou o aviso e continuou com as articulações para direcionar recursos para o reajuste salarial dos policiais.

Em resposta, na última quarta-feira (22), mais de 320 servidores da Receita Federal pediram exoneração do cargo. Já os servidores do Banco Central planejam fazer um calendário de mobilização contra a aprovação do reajuste salarial somente para as carreiras policiais.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está sendo cobrado pelos servidores para a apresentação de plano de restruturação da carreira. Esse material será discutido por meio de e-mails e notas e a resposta será publicada na intranet do órgão.

Porém, caso nada seja feito, o presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), Fabio Faiad, informou que a categoria vai analisar a entrega de cargos comissionados e eventuais paralisações dos servidores.

Segundo Faiad, os servidores do Banco Central estão chateados com o reajuste salarial direcionado apenas aos policiais federais. “Há servidores que estão há mais de cinco anos sem reajustes “, afirmou ao R7.

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Glaucia Alves
Formada em Letras-Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atuou na área acadêmica durante 8 anos. Em 2020 começou a trabalhar na equipe do FDR, produzindo conteúdo sobre finanças e carreira, onde já acumula anos de pesquisa e experiência.