- A tendência de alta no preço da gasolina tem sido vista há meses;
- Bolsonaro defende a privatização da Petrobras;
- Especialistas apresentam outras possibilidades para lidar com o preço do combustível.
Ao longo dos últimos meses, a discussão sobre a privatização da Petrobras voltou a ganhar destaque. Em meio ao alto preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro tem defendido a desestatização. Entenda perspectivas se o preço da gasolina volta a cair se a Petrobras for privatizada.
Em janeiro deste ano, valor médio cobrado pela gasolina no país era de R$ 4,57 por litro, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já em novembro deste ano, o preço médio era de R$ 6,75 por litro.
Em alguns postos do Sudeste, o valor da gasolina chega a R$ 7,99 por litro. Com isso, há registro de brasileiros que cruzaram a fronteira para abastecer o veículo, em países vizinhos, por valores menores. Diante deste cenário adverso, muitos discutem alternativas para que o preço do combustível diminua.
Possível viabilidade de privatização da Petrobras
Ao Money Times, Elena Landau — economista que presidiu o conselho de administração da Eletrobrás e comandou a diretora de privatizações do BNDES no governo FHC —, e Guilherme Affonso Ferreira, — sócio-fundador da Teorema Capital — e conselheiro da Petrobras de 2015 a 2018 —, é viável privatizar a Petrobras.
Para eles, inclusive, esse movimento pode impulsionar a empresa. Ao analisar a tensão política que cerca a Petrobras, Landau argumenta que a desestatização é a melhor maneira de defender o patrimônio dos brasileiros de governantes populistas.
No entanto, Magda Chambriard, engenheira civil e diretora-geral da ANP entre 2012 e 2016, entende que a privatização da companhia não é a melhor alternativa. Isso porque o Estado abriria mão da melhor empresa do Brasil em um momento que ela tem dado “lucros absurdos”.
Segundo Landau, o processo de desestatização da Petrobras depende fortemente das eleições do próximo ano. Caso o governo mude em 2023, e seja algum de tendência mais liberal, seguirá com o processo de desinvestimento imposto pelo Ministério Público.
Neste cenário, conforme Landau, “a companhia já se encontra quase no caminho do que precisa para fazer uma privatização”.
Ao observar as movimentações da Petrobras, o ex-conselheiro da estatal alega que a empresa já segue para um processo de privatização — sem criar alarde no mercado.
O preço da gasolina volta a cair se a Petrobras for privatizada?
De acordo com analistas do setor, apurados pelo Gazeta do Povo, uma possível privatização não ajudaria a baratear a gasolina. Além disso, essa medida causaria uma alta nos preços.
O principal argumento é que, com o controle estatal, a Petrobras ainda pode absorver alguma volatilidade do preço do petróleo no mercado global — e praticar valores abaixo da paridade internacional. Conforme especialistas e concorrentes, isso já tem acontecido nos últimos meses.
Mesmo com os seguidos reajustes nas refinarias, os analistas alegam que a Petrobras ainda não repassou, ao mercado interno, toda a alta ocorrida no mercado do petróleo.
Os especialistas afirmam que que a diminuição de preços dos combustíveis depende muito mais de outros fatores: como mudanças na tributação e fim do domínio da empresa no mercado de combustíveis — que afeta a participação de companhias totalmente privadas, limitando a competição.
De qualquer modo, Landau, Ferreira e Eduardo Cavalheiro — gestor de fundos da Rio Verde Investimentos — ao Money Times, entendem que a privatização da Petrobras causaria maior competição em termos de preço.
O motivo é que tiraria o monopólio nos setores que atua, impactando o valor final que chega ao consumidor.
Além disso, o ex-conselheiro da Petrobras informa que tal competição proporcionaria maior eficiência para os setores. Ele declara que “as companhias que já estão envolvidas na distribuição de petróleo e gás e na transmissão de energia no Brasil querem e precisam se posicionar”.
Conforme Landau, todo o setor se favorece desse movimento. Com a desestatização, segundo ele, “você não fica na mão de um monopolista. No mercado, o monopolista é quem decide se vai fornecer hás para termelétrica ou não e as prioridades do setor”.