Caso o passaporte da vacina contra COVID-19 seja obrigatório, Bolsonaro pode viajar?

Pontos-chave
  • Brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil terão uma alternativa ao comprovante vacinal;
  • Estrangeiros fora do país possuem menor flexibilização nas regras;
  • Companhias aéreas devem se atentar ao comprovante da vacina.

Nesta quinta-feira (16), o Supremo Tribunal Federal (STF) obteve os votos necessários para manter a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, que exige o passaporte da vacina contra covid-19 para viajantes que chegarem ao Brasil. De qualquer forma, a medida faz distinção entre brasileiros e estrangeiros.

Caso o passaporte da vacina contra covid-19 seja obrigatório, Bolsonaro pode viajar?
Caso o passaporte da vacina contra covid-19 seja obrigatório, Bolsonaro pode viajar? (Imagem: Montagem/FDR)

O julgamento acontece em plenário virtual. Os ministros realizam o voto de forma eletrônica, por meio do sistema do STF. No último sábado (11), Barroso tomou a decisão favorável à obrigatoriedade de passaporte vacinal. A ação aconteceu após solicitação do partido Rede Sustentabilidade.

Os ministros Edson Fachin, Carrmen Lúcia, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski se posicionaram favoráveis à decisão de Barroso. O julgamento acontece até esta quinta, às 23h59. Nesta sexta-feira (17), o Supremo entrará em recesso.

Distinção entre brasileiros e estrangeiros sobre a exigência de passaporte da vacina

Grande parte dos ministros seguiu o posicionamento de Barroso, da exigência do passaporte de vacina. Contudo, ainda foi indicado que os brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil — que viajaram para o exterior depois de 14 de dezembro —, ao voltar ao país, e não apresentarem o comprovante vacinal, precisarão:

Já no caso dos estrangeiros que vivem fora do Brasil, não existe essa opção. Diante disso, os integrantes deste grupo, que não apresentarem o passaporte, poderão ser bloqueados de entrar no Brasil.

Bolsonaro pode viajar, caso o passaporte da vacina seja obrigatório?

Diante disso, caso seja obrigatório o passaporte da vacina, o presidente Jair Bolsonaro ainda poderia realizar viagens ao exterior, desde que cumpra as normas alternativas estabelecidas.

O presidente tem declarado que não se vacinou contra a covid-19. Essa informação, no entanto, não é possível comprovar — pois o Planalto determinou sigilo de 100 anos na carteira de vacinação de Bolsonaro.

Bolsonaro vem se posicionando contrariamente à implantação do passaporte da vacina. Na semana passada, ele descreveu esse comprovante como uma “coleira”.

No mesmo dia, o presidente sugeriu que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer “fechar o espaço aéreo”. Ao G1, a Anvisa negou ter realizado essa proposta.

Neste mês, a Anvisa recomendou que o Brasil adote ações mais rigorosas no acesso de viajantes ao país — com o objetivo de evitar alta de casos da covid-19. A preocupação acontece após o surgimento de uma nova variante da doença, a ômicron.

A Anvisa argumentou que o cenário é preocupante. Entre os motivos, a agência cita que os países sul-africanos mais afetados pela variante possuem baixa cobertura vacinal. Ao não exigir o passaporte da vacina, o país poderia facilitar a entrada de cidadãos não vacinados, que podem estar infectados pela doença.

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Companhias aéreas devem realizar o controle do comprovante vacinal

Barroso alega que o controle do comprovante vacinal deve ser realizado pelas companhias aéreas. O procedimento deve ocorrer no momento do embarque — no país de origem dos viajantes.

Este procedimento já é adotado para o teste de covid-19 e a declaração de saúde à Anvisa. O ministro argumenta que não existe motivo para tumulto na chegada ao Brasil, pois o controle já terá sido realizado.

No entendimento do ministro do STF, a apresentação do comprovante significa “medida indutora da vacinação, devidamente chancelada pelo Supremo Tribunal Federal”. O intuito é de “evitar que, na volta, aumentem o risco de contaminação das pessoas que aqui vivem”.

A exigência do passaporte de vacina

Ao governo federal, a Avisa propôs a obrigatoriedade do passaporte vacinal. Na última quinta-feira (9), o governo publicou uma portaria que exigia um comprovante de vacina ou cumprimento de quarentena de 5 dias — para as pessoas que desejassem entrar no Brasil sem se vacinar.

Por conta de um ataque hacker no aplicativo do Ministério da Saúde, que emite o comprovante, o governo suspendeu a portaria.

Contudo, depois de uma solicitação do partido Rede, o ministro Barroso estabeleceu a exigência do passaporte vacinal. A partir de então, o plenário do STF vem decidindo por esta medida.

Silvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.
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