Petrobras quer reajustar preço do gás natural; quem será afetado com decisão?

Nesta semana, a Petrobras comunicou a intenção de aplicar um reajuste nos contratos de fornecimento de gás para as distribuidoras. Esta medida, porém, tem força para atingir a economia como um todo: da indústria que necessita do produto ao motorista que utiliza o GNV (gás natural veicular).

De acordo com os aumentos propostos pela estatal, o preço da molécula, praticante dobraria ou até mesmo quadruplicaria a partir do próximo ano.

Uma estimativa da Associação das Distribuidoras (Abegás) indica que 50% a 80% do volume de gás contratado pelas empresas vencem no fim de 2021. O Rio e o Espírito Santo, por exemplo, ficariam totalmente “descontratados” se não chegarem em um consenso. Porém, essa situação, muda de estado para estado.

Num primeiro momento, isto pode ser interpretado como um debate setorial travado entre a Petrobras e seus clientes, porém, segundo especialistas, o gás possui efeito multiplicador. Ele é utilizado em indústrias que produzem vidro, cerâmica, siderurgia e petroquímica, entre outras.

O gás também é uma fonte de abastecimento para as usinas termelétricas, que tiveram que ser colocadas em funcionamento por um período maior que o normal em meio a pior crise hídrica do país nos últimos anos.

Aumento será repassado pela indústria 

O gás se tornou uma alternativa para os motoristas que estão enfrentando um crescimento consecutivo no preço dos combustíveis. Aumentar o preço do gás poderia fazer com que ele batesse até a conta de luz num futuro próximo, por conta do custo mais elevado das usinas termelétricas.

De acordo com Adrianno Lorenzon, gerente de Gás Natural da Abrace, associação que reúne grandes consumidores, aumentar o preço da molécula no ano que vem irá prejudicar a todos e pode inviabilizar o funcionamento de fábricas pelo Brasil.

“Muitas fábricas podem ficar inviáveis economicamente por causa do aumento do preço do gás. E a indústria vai repassar isso para tudo, desde o frango congelado até a lata de cerveja e o preço do carro. E isso ocorre em um momento em que a inflação já chega a dois dígitos”, disse.

Benjamin Ferreira Neto, presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), disse que o valor do gás responde a 30% do custo do setor. Com isso, ele acredita que o reajuste pode prejudicar a competitividade e causar demissões.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.