- Desemprego volta a reduzir no país;
- Mercado de trabalho passa por mudanças com salário insuficiente;
- Brasileiros terão nova jornada após fim da pandemia.
Mercado de trabalho volta a reagir após forte período de demissões motivadas pelo novo coronavírus. Nessa semana, uma reportagem do portal O Globo revelou que o desemprego passou a cair. A taxa referente ao trimestre encerrado em agosto mostra que 13,7% dos contratos foram encerrados. Anteriormente o número foi de 14,6%.
Além de deixar milhares de vítimas, o novo coronavírus impactou fortemente na economia nacional. Durante os últimos meses o desemprego esteve em alta constante, passando a ser controlado mediante o andamento da campanha de vacinação.
Com os possíveis indicativos de retomada econômica no mercado de trabalho, foi possível registrar um aumento no número de contratações. Ainda que insuficiente diante do atual cenário de forte crise econômica, os indicativos significam um futuro de possíveis melhorias, mas com mudanças significativas na forma de trabalhar.
Desemprego pode ser controlado, mas cenário não é positivo
De acordo com os dados do IBGE, há cerca de 13,7 milhões de brasileiros procurando por emprego. Para esse grupo, a previsão média de ganho foi reduzida em 10,2% em comparação com agosto de 2020. Isso significa dizer que o trabalhador deverá receber menos do que o necessário.
— Parte significativa da recuperação da ocupação deve-se ao avanço da informalidade. Em um ano, a população ocupada total expandiu em 8,5 milhões de pessoas, sendo que desse contingente 6 milhões eram trabalhadores informais — explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, ao O Globo.
Um dos motivos pelos quais o salário terá baixo rendimento é justamente o atual cenário de inflação. Além disso, a previsão do salário mínimo de R$ 1.192 em 2022 se mostra insuficiente para a manutenção das despesas.
Profissionais autônomos
Uma das alternativas para tentar controlar a própria renda é atuação enquanto autônomo. Muitos brasileiros passaram a assumir o cargo de chefia de si mesmo gerenciando pequenos negócios para tentar aumentar o lucro. Cerca de 25 milhões de pessoas estão hoje com esse tipo de ocupação.
Entre elas está Rita Aparecida, moradora de Berlford Roxo e mãe de três filhos. Após sua demissão, ela passou a fazer diversos bicos para poder garantir o sustento de seu lar.
— Nunca desisti de procurar um emprego formal, mas a pandemia foi a tragédia da minha vida. O que eu ganho hoje em dia não tem dado para me manter. Antes da pandemia eu ganhava em média R$ 1.500 reais no meu trabalho informal, hoje em dia eu ganho em média R$ 800.
É válido ressaltar, no entanto, que quem atua como autônomo não tem acesso aos direitos trabalhistas. Isso implica na falta de segurança e estabilidade a curto e longo prazo.
Home office e flexibilização dos direitos CLT
Outra grande mudança é a adaptação ao home office. Acredita-se que parte das empresas que aderiram a esse modelo não deverão voltar mais a modalidade presencial. Para os empresários há um bom custo benefício em reduzir as despesas relacionadas a locação de um espaço.
Contrapartida, o trabalhador passa a trabalhar por mais tempo e aumentar as despesas de sua casa, como no consumo de energia, podendo ser exigido fora do horário de seu expediente. Há quem defenda a atuação digital, mas é preciso estar ciente dos seus impactos negativos.
Com relação aos direitos trabalhistas, o governo Bolsonaro flexibilizou uma série de medidas com a justificativa de fazer manutenção do mercado. Milhares de brasileiros tiveram sua jornada e salário modificados e ficaram sem os repasses de contribuição do FGTS e do INSS.
De modo geral, os impactos da pandemia do novo coronavírus deverão ser sentidos a longo prazo pelos brasileiros.
— Não tem mágica para o mercado de trabalho. A melhora só vem com perspectiva de crescimento (da economia), principalmente o emprego de mais qualidade que a gente quer que cresça cada vez mais, que é esse com carteira ou mesmo um conta própria com CNPJ. Esses empregos de mais qualidade só vem diante de perspectiva de crescimento sustentável de longo prazo — sinaliza a economista Andréia Parente, do Ipea.