O que significa estagflação e como ela pode afetar o seu bolso?

Pontos-chave
  • O termo estagflação une as palavras estagnação e inflação;
  • O Brasil corre o risco de passar por essa situação futuramente;
  • A estagnação pode causar um cenário de mais demissões.

Recentemente, o termo ‘estagflação’ tem sido amplamente citado no noticiário. Por conta do cenário atual, há especialistas que acreditam que o Brasil corre o risco de fazer parte desta realidade. Entenda o que significa estagflação e como ela pode afetar o seu bolso.

O que significa estagflação e como ela pode afetar o seu bolso?
O que significa estagflação e como ela pode afetar o seu bolso? (Imagem: Montagem/FDR)

O que significa estagflação?

A palavra estagflação representa a junção de estagnação econômica com a inflação. Sendo assim, o conceito indica que a economia não se movimenta, mas os preços elevam.

Ao blog Nubank, o professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Paulo Feldmann, explica que a inflação representa o aumento de preços de bens, serviços e produtos.

Quando ela se encontra desregulada, pode ser um problema para as pessoas — por conta do aumento do custo de vida. De modo geral, a inflação acontece quando há mais demanda do que a oferta.

Já a estagnação econômica indica quando a economia não cresce em comparação ao ano anterior. Com isso, não acontece uma subida dessa atividade. A estagnação aponta uma situação de permanência. A estagflação acontece quando esses dois aspectos ocorrem ao mesmo tempo.

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O Brasil enfrenta a estagflação?

De acordo com o professor, tecnicamente, o Brasil não vive a estagflação. Os especialistas passaram a discutir esse termo depois que o PIB do Brasil teve queda de 0,1% no segundo trimestre deste ano. Contudo, Feldmann acredita que este período é muito curto para realizar a análise conclusiva.

No entanto, ele estima que há um risco de acontecer no ano que vem. As projeções são de que o país tenha um crescimento de 1%.

Uma das razões que podem causar este cenário são as secas — já que afeta a produção de alimentos, de modo a elevar os valores. A subida do dólar também foi citada pelo professor. Segundo ele, uma das fontes mais importantes de inflação nacional é a desvalorização do real.

Segundo analistas consultados pelo Estadão, o possível drible no teto de gastos também aumenta o risco de estagflação em 2022. O governo tem cogitado realizar estes gastos para financiar o programa Auxílio Brasil. No Congresso, o governo realizou um acordo para alterar a forma como o teto é calculado.

Para o próximo ano, algumas instituições estimam que os juros ficarão próximos a 10%, de forma a conter a inflação. Diante de um juro maior, há uma trava no crescimento da economia.

Conforme o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, o cenário fiscal foi modificado com a mudança no teto. Futuramente, ele projeta um quadro de mais deterioração.

Megale entende que uma perspectiva de juros e câmbio maiores devem alterar as expectativas para a economia. O economista alega que as sinalizações do governo vão no sentido de subir os gastos — sem citar o corte de despesas. Os mercados perderam a referência de como será a dinâmica da dívida futura.

O possível drible no teto de gastos pode aumentar os riscos de estagflação
O possível drible no teto de gastos pode aumentar os riscos de estagflação (Imagem: Montagem/FDR)

Como a estagflação pode afetar o seu bolso?

A estagflação pode causar um efeito cascata, segundo Dr. Paulo Feldmann. Quando não há um crescimento econômico nacional, existe um aumento no desemprego. Consequentemente, a população possui menos dinheiro para gastar — o que resulta em menos movimentação da economia.

Neste cenário, o professor afirma que as pessoas diminuem o consumo. Assim, elas passam a comprar apenas o que é absolutamente essencial. Por conta do menor número de aquisições, os empregadores passam a ter redução na margem de lucro. Como alternativa, eles tendem a realizar demissões.

Ao Estadão, a responsável pelo rating do Brasil na Titch, Shelly Shetty, declara que dribles no teto de gastos podem impactar a dinâmica de crescimento do PIB — e trazer ainda mais inflação.

Os efeitos podem ser observados, inclusive, no longo prazo. Diante de um descontrole das despesas governamentais, o mercado estima que haverá uma alta de até 1,5 ponto para a taxa Selic na próxima reunião do Copom.

Como resultado, o PIB será afetado. A retomada dos empregos também será impactada.

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Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.
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