Auxílio para caminhoneiros: R$ 400 liberados para driblar greve da categoria

Pontos-chave
  • Governo federal anuncia benefício exclusivo para os caminhoneiros;
  • Valor de R$ 400 será destinado para o custeio do Diesel;
  • Motoristas se mostram insatisfeitos e afirmam que a proposta é uma esmola.

Governo federal compra briga com caminhoneiros ao ofertar auxílio insuficiente. Na última sexta-feira (21), o presidente da república, Jair Bolsonaro, informou que estaria lançando o auxílio diesel. O benefício, com o valor de R$ 400, seria destinado aos caminhoneiros, como uma tentativa de evitar a greve da categoria.

Auxílio para caminhoneiros: R$ 400 liberados para driblar greve da categoria (Imagem: FDR)
Auxílio para caminhoneiros: R$ 400 liberados para driblar greve da categoria (Imagem: FDR)

O clima político e econômico no Brasil parece estar indo de mal a pior. Diante da possibilidade de uma greve dos caminhoneiros, Bolsonaro informo que está criando o auxílio diesel.

De acordo com ele, o benefício funcionaria como uma ajuda de custo para os motoristas abastecerem seus transportes. No entanto, a medida não foi bem vista.

Detalhes do Auxílio Diesel

Segundo informou Bolsonaro, o pagamento de R$ 400 seria destinado há cerca de 750 mil caminhoneiros que atuem de forma autônoma. O valor seria pago por meio de um cartão que deveria ser utilizado para o abastecimento.

A previsão é de que sua concessão ocorresse a partir de novembro, mas o governo precisa definir os detalhes de custeio do programa.

Atualmente, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o menor preço médio do litro do diesel é R$ 4,823 (Rio Grande do Sul) e o maior, R$ 6,208 (Acre). Isso significa dizer que para abastecer um tanque de R$ 500 livros é preciso pagar uma média de R$ 1.929,20 no Sul e R$ 2.483,20 no Acre.

Pronunciamento de Bolsonaro

Em uma live realizada no seu perfil do Facebook, Bolsonaro afirmou:

“Deve ter outro aumento de combustível? Deve ter outro aumento de combustível. Não precisa ser mágico para descobrir isso aí. É só ver o preço do petróleo lá fora quanto tá o dólar aqui dentro. Então, começa a aumentar. Nós ainda dependemos de importação de diesel, em especial, em torno de 25%, e de gasolina também. Então, se não reajustar, falta. Então, a inflação é horrível? É péssima. Mas pior é o desabastecimento”, declarou o presidente.

“Então, o que nós aqui — como está na iminência de um novo reajuste de combustível —, o que buscamos fazer, acertado com a equipe econômica? Alguns não querem, da equipe econômica, não queriam. Outros acharam que era possível dar um auxílio para os caminhoneiros, em havendo um novo reajuste, dar um auxílio para os caminhoneiros. O que está decidido até o momento? R$ 400. R$ 400 para 750 mil caminhoneiros autônomos. Isso é muito, isso é pouco? É o possível no momento”, concluiu.

Resposta dos caminhoneiros

Ao anunciar a proposta, o chefe de estado não esperava por uma reação negativa dos caminhoneiros. A categoria se mostrou insatisfeita com a solução do presidente, afirmando que o valor funciona como uma esmola que não garante a manutenção de seu trabalho.

“Ele [Bolsonaro] está muito mal assessorado. Se alguém do governo o orientou achando que conseguiria desarticular a greve prometendo R$ 400, está muito enganado. Os grupos estão ‘pegando fogo’. O pessoal não quer mais nem esperar o dia 1º”, afirma o caminhoneiro Marcelo Paz, líder autônomo que atua na região da Baixada Santista. “Os tanqueiros também estão querendo paralisar em São Paulo a partir de amanhã [sexta-feira, 22] e os de Espírito Santo também”, acrescenta.

Diante da tensão, ainda não se sabe se a categoria irá aderir a uma greve. É válido ressaltar que havendo a paralisação deverá ampliar ainda mais a rejeição do governo Bolsonaro.

Nos últimos dias ele vem sendo fortemente criticado por anunciar medidas que violam a constituição e não trazem soluções reais para os atuais problemas do país.

Essa não é a primeira vez em que Bolsonaro tenta conter uma greve dos caminhoneiros. O assunto tem sido uma pauta recorrente em sua agenda diante dos ajustes no preço da gasolina que está em torno de R$ 7.

Havendo uma nova paralisação é de se esperar que a atual gestão enfraqueça ainda mais, reduzindo as possibilidades de reeleição presidencial em 2022. Bolsonaro, ciente dos riscos, deve buscar por novas alternativas.

Eduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.