Como licença no teto de gastos para bancar Auxílio Brasil pode prejudicar a economia

Pontos-chave
  • Bolsonaro sugere ultrapassar teto fiscal e mercado reage negativamente;
  • Credibilidade do governo reflete em queda na Bolsa de Valores;
  • Auxílio Brasil corre o risco de não ser implementado.

Governo suja a imagem do país no mercado financeiro após supor furo no teto de gastos. Nessa semana, o presidente Jair Bolsonaro informou que deverá ultrapassar o limite orçamentário da União para implementar o Auxílio Brasil. Sua fala, no entanto, repercutiu negativamente em todo o país. Entenda porque isso é prejudicial.

Como licença no teto de gastos para bancar Auxílio Brasil pode prejudicar a economia (Imagem: FDR)
Como licença no teto de gastos para bancar Auxílio Brasil pode prejudicar a economia (Imagem: FDR)

A implementação do Auxílio Brasil tem sido mais difícil do que aquilo que Bolsonaro esperava. Com a sua sugestão de ultrapassar o teto de gastos, a bolsa de valores brasileira entrou em declínio, fazendo com que marcas como a Petrobras perdessem mais de R$ 15 milhões em ações.

O que significa ultrapassar o teto de gastos?

Anualmente o Congresso Nacional estipula um teto para limitar o orçamento da União. Isso implica dizer que todas as possíveis despesas do governo federal, em todos os seus ministérios e secretarias, devem acontecer dentro desse montante que é validado através da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Quando Bolsonaro afirma que vai violar esse teto, significa que o país irá ter uma ação contra a constituição, baixando assim sua credibilidade mediante o mercado como um todo. Violar o limite orçamentário é como declarar o cenário de crise, como se não houvessem recursos e controle político na gerencia nacional.

Para o mercado financeiro, a negatividade da proposta acontece porque ela implica em uma economia com problemas estruturais nas suas contas públicas. O teto financeiro é visto como a âncora fiscal do país, sendo violada o Brasil perde o controle de seu próprio orçamento.

Quais são as alternativas da equipe econômica?

Diante de tal cenário caótico, o ministro da economia, Paulo Guedes, propôs as seguintes alternativas:

  • rever o teto de gastos, acabando com o descasamento existente entre as correções do teto e das despesas obrigatórias. Com isso, o governo poderia abrir espaço fiscal no Orçamento de 2022.
  • excepcionalizar a parcela do auxílio que não cabe no teto, ou seja, deixar esse montante fora da regra fiscal. Essa licença para “furar” o teto seria limitada a pouco mais de R$ 30 bilhões em 2022, segundo o ministro.

Mas ainda assim não foi suficiente para gradar o mercado financeiro que esperava que o Auxílio Brasil fosse inferior a R$ 300, enquanto Bolsonaro afirmou a parcela de R$ 400.

“O prêmio de risco tem que aumentar mesmo. O mercado está entendendo essas medidas como populismo fiscal, de cunho eleitoreiro”, disse Sérgio Goldenstein, chefe da área de estratégia da Renascença, em entrevista para agência Reuters, em entrevista a Globo News.

“Está claro, com as declarações de ontem, que não o Guedes não vai sair e já está ok com esse ‘waiver’, que, na verdade, coloca o fim do teto de gastos. Lembrando também que já tivemos os precatórios, então esse ‘waiver’ não é o primeiro grande furo no teto. A questão dos precatórios o governo descobriu que tinha uma conta de R$ 90 bi pra pagar e está fazendo uma PEC para pagar só R$ 40. Então, já tinham uma ‘waiver’ de R$ 50 bi e agora estão pedindo mais R$ 30, e não sabemos o que vem pela frente”, concluiu.

Como licença no teto de gastos para bancar Auxílio Brasil pode prejudicar a economia (Imagem: FDR)
Como licença no teto de gastos para bancar Auxílio Brasil pode prejudicar a economia (Imagem: FDR)

Quando o Auxílio Brasil deve ser aprovado?

A previsão do governo é de que o programa passe a funcionar entre novembro e dezembro. O Ministério da Cidadania já anunciou até que estão sendo criados os cartões de pagamento das mensalidades de R$ 400.

Com relação ao procedimento de triagem e regras de entrada da população vulnerável, ainda não há grandes detalhes. Sabe-se que é preciso que o cidadão esteja inscrito no Cadastro Único e se cumpra os critérios de comprovação de sua situação de vulnerabilidade social.

No entanto, Bolsonaro ainda não informou como selecionará o grupo que irá compor os 17 milhões de segurados. Apesar das afirmações acimas, há uma grande probabilidade do projeto não ser aprovado e o gestor optar pela renovação do auxílio emergencial ao longo de 2022.

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Eduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.