Por que a criação do Auxílio Brasil como novo Bolsa Família pode ajudar Bolsonaro?

Pontos-chave
  • Bolsonaro usa novo programa social como estratégia eleitoral;
  • Desmonte das políticas públicas sociais se caracteriza no atual governo;
  • Eleições 2022 será entre Bolsonaro e Lula.

Novo projeto social brasileiro pode afetar o resultado das eleições presidenciais de 2022. Nessa semana, Jair Bolsonaro anunciou um reajuste na mensalidade do Auxílio Brasil, que substituirá o Bolsa Família. Seus segurados terão acesso a um abono de R$ 400. Como isso impacta na gestão federal? Entenda abaixo.

Por que a criação do Auxílio Brasil como novo Bolsa Família pode ajudar Bolsonaro? (Imagem: Marcos Rocha/ FDR)
Por que a criação do Auxílio Brasil como novo Bolsa Família pode ajudar Bolsonaro? (Imagem: Marcos Rocha/ FDR)

A implementação do Auxílio Brasil virou motivo de análise política. Diversos especialistas vêm comentando que o projeto tem sido utilizado por Bolsonaro como uma estratégia de manipulação do poder.

Através da concessão do abono de R$ 400, o gestor espera manter o voto dos 17 milhões de segurados nas eleições de 2022.

O que está por trás do Auxílio Brasil?

Sob a prerrogativa de implementar um programa social que reduza a miséria, Bolsonaro vem tentando acabar com todos os projetos sociais implementados pelas gestões do PT.

A principal motivação para tal feito é a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente que tirou o país do mapa da fome, reconhecido mundialmente por sua atuação social.

O primeiro passo de Bolsonaro no desmonte das políticas públicas do PT foi o fim do Minha Casa Minha Vida. Com a criação do Casa Verde e Amarela o atual chefe de estado apenas mudou o nome do programa e reduziu o numero de pobres com acesso ao financiamento da casa própria.

No entanto, para a imprensa e o empresariado, o presidente vende a proposta como uma alternativa impecável com a menor taxa de juros da história. Os pobres, por sua vez, não têm acesso as informações totais do novo projeto e se iludem acreditando estarem inclusos na pasta, sem a menor possibilidade de solicitarem um financiamento diante desse cenário de crise.

Já com o Auxílio Brasil o que se pode receber é o forte interesse de Bolsonaro de acabar com a marca do Bolsa Família. O programa foi amplamente desenvolvido na gestão de Lula, sendo reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em seu combate contra a fome.

Ciente da popularidade de Lula com os brasileiros de baixa renda, o atual presidente deu início a sua estratégia de desmonte.

Fases incompletas do Auxílio Brasil

Antes da proposta ter esse nome, Bolsonaro lançou o programa Renda Brasil. Ele teria a mesma finalidade que o atual projeto, acabar com o nome do Bolsa Família. Sua implementação foi debatida ao longo do primeiro semestre de 2020, mas não foi adotado por ultrapassar o teto orçamentário.

Na sequencia surgiu a proposta de criação do Renda Cidadã, também com o mesmo propósito. A ideia era conceder mensalidades para os brasileiros vulneráveis, sem que esse repasse ocorresse pelo Bolsa Família. Novamente ultrapassando o teto fiscal o programa não foi aprovado.

Agora, com o fim do auxílio emergencial, Bolsonaro voltou a ser pressionado para criar um programa social. Em vez de ampliar a atuação do Bolsa Família, ele congelou as filas de entrada no projeto, fazendo com que mais de 100 mil pessoas estivessem aguardando a aprovação há mais de 10 meses.

Na contrapartida, anunciou o intitulado Auxílio Brasil. A diferença desse para os programas acima é que foram anunciados os benefícios dentro da pasta. Os segurados teriam acesso há alguns abonos que completariam a mensalidade inicial de R$ 300, depois reajustada para R$ 400.

Contudo, é de se esperar que o Auxílio Brasil também não seja provado. Além de apenas mudar o nome dos programas, o governo não se preocupou em organizar as próprias finanças para custear a implementação.

Para responsabilizar o fracasso do novo projeto, o Congresso Nacional passou a ser atacado como o vilão que não quer abrir uma brecha o teto fiscal para ajudar os mais pobres. O que se pode perceber é que Bolsonaro vem fracassando em sua agenda social que tem como único proposito favorecer a si mesmo.

Diante de tais fatos ainda não é possível entender como se sustentarão as milhares de famílias que aguardam o auxílio de um governo completamente instável e irresponsável em uma das maiores crises social, sanitária e econômica da história do país.

Eduarda AndradeEduarda Andrade
Doutoranda e mestra em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a coordenação de edição dos Portais da Grid Mídia e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas socias e economia popular. Iniciou sua trajetória no FDR há 7 anos, ainda como redatora, desde então foi se qualificando e crescendo dentro do grupo. Entre as suas atividades, é responsável pela gestão do time de redação, coordenação da edição e analista de dados.