Auxílio emergencial não paga conta de luz, água, gás e alimentos dos mais pobres

Pontos-chave
  • Auxílio emergencial não minimiza pobreza no Brasil;
  • Segurados são impedidos de trabalhar para se manter no programa;
  • Governo federal negligencia atual cenário de inflação e pandemia.

Auxílio emergencial se monstra insuficiente reforçando um cenário de crise. Os brasileiros de baixa renda estão cada vez mais angustiados com suas contas. Mesmo com a liberação do programa que deveria minimizar os impactos do novo coronavírus, milhares de famílias não conseguem nem ao menos fazer feira.

Auxílio emergencial não paga conta de luz, água, gás e alimentos dos mais pobres (Imagem: Marcos Rocha/ FDR)
Auxílio emergencial não paga conta de luz, água, gás e alimentos dos mais pobres (Imagem: Marcos Rocha/ FDR)

Há meses o Brasil vem enfrentando uma das piores crises econômicas e políticas das últimas décadas. Com a chegada do novo coronavírus, a inflação disparou fazendo com que a população passasse a pagar mais caro por tudo.

Mesmo liberando o auxílio emergencial, o presidente Jair Bolsonaro teve uma queda em sua popularidade.

Auxílio emergencial é insuficiente

Atualmente, as mensalidades do programa variam entre R$ 150 e R$ 375. O valor, no entanto, é claramente insuficiente uma vez em que o cidadão, para ter acesso a ele, não pode trabalhar ou ter outra fonte de renda declarada.

Desse modo, todas as despesas de casa como alimentação, água, luz e gás de cozinha, precisam ser pagas com apenas esse valor. Porém, somente a cesta básica, atualmente, vem sendo comercializada por R$ 1 mil em algumas regiões do país.

Ou seja, com o benefício na conta, o segurado não consegue suprir nem um terço de suas despesas. As pesquisas realizadas pelo Dieese afirmam que, com a atual inflação, o custo médio de uma família de quatro pessoas é de aproximadamente R$ 5 mil.

O que diz o governo federal sobre o cenário de crise?

Para os representantes do governo, a atual crise não é de sua responsabilidade. Em entrevista, o presidente Jair Bolsonaro afirmou estar ciente da inflação, mas jogou a culpa para os governadores que defenderam a política do “fique em casa”.

De acordo com ele, as orientações para isolamento durante a pandemia da covid-19, onde mais de 600 mil pessoas já morreram, reforçou a inflação e aumento no preço dos produtos.

Porém, é válido ressaltar que o seu governo vem sendo investigado pelo atraso na aquisição das vacinas capazes de imunizar a população e também foi acusado de desviar verba pública para custear tratamentos ineficazes.

Já o ministro da economia, Paulo Guedes, virou notícia na imprensa nacional por suas falas polêmicas. Para ele, o valor de R$ 100 em um botijão de gás não deve ser visto como um problema, nem o aumento na cesta básica.

O gestor segue afirmando que não há grande crise no país, que o atual cenário, onde milhares de pessoas estão sujeitas a fome, é para garantir o desenvolvimento econômico.

Auxílio emergencial não paga conta de luz, água, gás e alimentos dos mais pobres (Imagem: Marcos Rocha/ FDR)
Auxílio emergencial não paga conta de luz, água, gás e alimentos dos mais pobres (Imagem: Marcos Rocha/ FDR)

Instabilidade na adoção de novas políticas públicas

Mesmo enquanto se isenta sobre a fome dos mais pobres, Bolsonaro segue tentando ganhar voto desse eleitorado nas eleições de 2022. Para isso, vem realizando consecutivas afirmações de que manterá o auxílio emergencial no próximo ano e tenta também consolidar um projeto social com sua assinatura.

Chamado de Auxílio Brasil, o programa foi entregue ao Congresso para análise e deve ofertar mensalidades de R$ 300 para os mais pobres. Porém, corre o risco de nem ao menos ser implementado uma vez em que até o momento não foi encontrada alternativa para seu custeio de modo que não ultrapasse o teto de gastos da União.

A previsão dada por Bolsonaro para o início do auxílio Brasil é novembro. Segundo ele, o programa passará a funcionar concedendo os seguintes benefícios:

  • Benefício Primeira Infância: Contempla famílias com crianças com até 36 meses incompletos.
  • Benefício Composição Familiar: Diferentemente do Bolsa Família, que limita o benefício aos jovens de até 17 anos, será destinado a jovens de 18 a 21 anos incompletos. O objetivo, segundo o governo, é incentivar esse grupo a concluir ao menos um nível de escolarização formal.
  • Benefício de Superação da Extrema Pobreza: Se após receber os benefícios anteriores a renda mensal per capita da família não superar a linha da extrema pobreza, ela terá direito a um apoio financeiro sem limitações relacionadas ao número de integrantes do núcleo familiar.
  • Auxílio Esporte Escolar: Destinado a estudantes com idades entre 12 e 17 anos incompletos, membros de famílias beneficiárias do Auxílio Brasil e que se destacarem nos Jogos Escolares Brasileiros.
  • Bolsa de Iniciação Científica Júnior: Para estudantes com bom desempenho em competições acadêmicas e científicas e que sejam beneficiários do Auxílio Brasil. A transferência do valor será feita em 12 parcelas mensais. Não há número máximo de beneficiários por núcleo familiar.
  • Auxílio Criança Cidadã: Destinado ao responsável por família com criança de até 48 meses incompletos que consiga fonte de renda, mas não encontre vaga em creches públicas ou privadas da rede conveniada. O valor será pago até a criança completar 48 meses de vida, e o limite por núcleo familiar ainda será regulamentado.
  • Auxílio Inclusão Produtiva Rural: Pago por até 36 meses aos agricultores familiares inscritos no Cadastro Único.
  • Auxílio Inclusão Produtiva Urbana: quem estiver na folha de pagamento do programa Auxílio Brasil e comprovar vínculo de emprego formal receberá o benefício.
  • Benefício Compensatório de Transição: Para famílias beneficiadas pelo Bolsa Família e perderem parte do valor recebido após o enquadramento no Auxílio Brasil. Será concedido no período de implementação do novo programa e mantido até que haja acréscimo no valor recebido pela família ou até que não se enquadre mais nos critérios de elegibilidade.

Eduarda AndradeEduarda Andrade
Doutoranda e mestra em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a coordenação de edição dos Portais da Grid Mídia e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas socias e economia popular. Iniciou sua trajetória no FDR há 7 anos, ainda como redatora, desde então foi se qualificando e crescendo dentro do grupo. Entre as suas atividades, é responsável pela gestão do time de redação, coordenação da edição e analista de dados.