Gás de cozinha sobe, mas não ocupa espaço no salário mínimo como em 2001

O gás de cozinha (GLP) passou por um novo reajuste pela Petrobras esta semana. No entanto, o novo aumento não faz parte dos gastos já comprometidos junto ao salário mínimo do cidadão brasileiro.

Gás de cozinha sobe, mas não ocupa espaço no salário mínimo como em 2001
Gás de cozinha sobe, mas não ocupa espaço no salário mínimo como em 2001. (Imagem: TV TEM)

Para se ter uma ideia, o preço do gás de cozinha sofreu várias alterações no primeiro semestre de 2021, atingindo um aumento de 13,75% no botijão médio de 13 quilos.

No mês de dezembro de 2001, o valor cobrado pelo produto era em média de R$ 18,69, ou seja, 10,38% do salário mínimo vigente na época, que era R$ 180.

Passadas duas décadas, o percentual atingiu um patamar de 7,95% sobre o piso nacional. Isso quer dizer que o preço médio de um gás de cozinha hoje é de R$ 87,43 considerando a média de junho perante a um salário mínimo de R$ 1.100.

Com base no aumento divulgado pela Petrobras no início desta semana, o gás de cozinha teve um aumento médio na margem de R$ 0,20 por quilo, o que fará com que o produto tenha um custo aproximado de R$ 3,60 por kg nas distribuidoras.

Este já é o 15º aumento seguido no preço do gás de cozinha nas refinarias da Petrobras depois de uma leve queda no início da pandemia da Covid-19.

A comparação apresentada acima foi baseada nos dados mantidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A agência possui toda a relação de preços do gás de cozinha cobrados ao consumidor brasileiro, possibilitando a identificação de todas as variações referentes a cada região do país. 

Apesar de o preço do gás de cozinha ter sido contemplado por rápida queda no primeiro semestre de 2020, na margem de 0,23%, agora os consumidores sofrem com o aumento brusco e constante. A situação é preocupante, pois entre o período de janeiro a junho deste ano, o aumento foi superior a 10% no botijão de 13 kg.

O cenário se torna ainda mais preocupante ao analisar separadamente os valores aplicados em cada região brasileira. No Centro-Oeste, por exemplo, o gás de cozinha chegou ao valor de R$ 130 no final de junho. 

Variações do gás de cozinha entre 2020 a 2021:

  • Janeiro de 2020: R$ 69,74;
  • Junho de 2020: R$ 69,58;
  • Dezembro de 2020: R$ 74,75;
  • Janeiro de 2021: R$ 76,86;
  • Junho de 2021: R$ 87,43.

O preço médio de R$ 87 cobrado pelo gás de cozinha ainda é caro para os trabalhadores brasileiros que recebem um salário mínimo.

Embora o piso nacional tenha avançado em 511% nos últimos 20 anos, é preciso considerar também que as condições de vida dos brasileiros mudaram.

E mesmo com um aumento aparentemente expressivo o poder de compra permanece nulo. 

Uma pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apontou que o salário mínimo ideal para sustentar uma família composta por quatro pessoas, dois adultos e duas crianças, seria de R$ 5.432,84. Este número é 4,93 vezes maior do que o salário ofertado hoje.

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Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.